Um ditador é
sempre um ditador, por mais que tente disfarçar-se de democrata.
Desde que
comecei a ver as imagens transmitidas pelas várias estações televisivas da
tentativa de golpe de estado na Turquia, na quinta à noite, fiquei na dúvida se
o que estava a acontecer era, efectivamente, uma tentativa verdadeira de
derrubar Erdogan, por uma parte do exército turco ou se, pelo contrário, não
seria uma mise en scène orquestrada
pelo próprio presidente, para assim poder, perante o povo e o exterior, tomar
medidas drásticas de modo a não só afastar todos os seus opositores, mas também
impor restrições às liberdades fundamentais de um estado que se diz democrata
(veja-se a celeridade com que, no seu discurso de ontem, lançou a hipótese de repor
a pena de morte).
Com o desenrolar dos acontecimentos e não querendo enveredar por uma
teoria da conspiração, cada vez defendo mais que o que aconteceu não passou de
uma trama bem montada para atingir fins desejados. Posso estar enganada, mas
prender seis mil pessoas, entre militares, magistrados e juízes, porque estavam
de concluo na intentona de quinta na Turquia? Seis mil, por enquanto, pois tudo
indica que mais prisões serão efectuadas. Não acredito!
Este acontecimento faz-me lembrar o episódio dos Távora: família nobre,
crítica da política do reino, que ofuscava o poder absoluto do monarca e,
subsequentemente, do próprio Marquês de Pombal e por isso acusada de ter
querido matar o rei D. José, motivo mais que suficiente para ter sido
perseguida e exterminada.
A História está repleta de ditadores e, apesar de se mudarem os tempos,
os métodos permanecem quase imutáveis: um ditador será sempre um ditador,
mesmo que tente disfarçar-se de democrata!
Rebelião falhada ou farsa planeada? O futuro esclarecerá a verdade
histórica dos acontecimentos de quinta-feira na Turquia!