Viajar à infância, é voltar a ser menina, de sorriso aberto, prenha de inocência e a certeza de tudo.
Reviver a infância, é saborear, outra vez, o suco adocicado das maçãs colhidas das árvores; é sentir o roçar da brisa, acariciando o rosto; é correr livremente com os cabelos soltos ao vento, num final de tarde sereno e tranquilo, emoldurado pelo alaranjado, de um pôr - de Sol soberbo, com cheiro a terra e a campo.
Relembrar a infância, é sentir o feitiço do brilho cintilante das luzes perdidas, no escuro da serrania, como um negro manto incrustado de diamantes; é cheirar o quente do ar, ou a brisa amena da noite; é ser embalada pela melodia emanada da água que brota da fonte; é olhar o céu imenso, espelhando o luar prateado de Agosto.
Recordar a infância é rever, à distância, o salto por entre as poças de água e o cheiro a terra seca, após uma breve, mas intensa chuvada de Verão; é o inebriar com a magia irradiada de uma explosão de cores, de um arco-íris maravilhoso e acreditar que, no seu fim, há um tesouro a descobrir.
Viajar à infância, é relembrar a pureza de uma criança moldada mulher, pela vontade do tempo e as congruências da vida.
Viajar à infância é reaver bocadinhos de um tempo passado, numa pausa do presente.