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sábado, 6 de março de 2010

Amizade

"A firme decisão inicial, de não alongar o texto deste post, esfumou-se mal o comecei a redigir. No meu íntimo sabia que seria assim..."

O dia acordara enublado e chuvoso, cobrindo, com o seu manto cinzento, a Natureza, pincelando-a de cores frias.
Com a decisão tomada na véspera e o destino sabido, parti.
O tempo esgotou-se em reflexões, inspiradas na exuberância do verde e na beleza da paisagem, matizada pela neblina que a envolvia.
As sensações despertas, pelo ambiente, acordaram as emoções e hipnotizaram o lado físico do Eu, enquanto o espírito absorvia a tranquilidade da beleza exterior: dei-me!
Ladeada de verdes prados, enfeitados de penedos e fragas, a estrada encurvava-se nos desníveis do terreno.
De repente, no final de uma apertada curva, abrindo-se ao forasteiro, resplandeceu, em todo o seu esplendor, um cenário de contornos românticos, entre o casario e o verde molhado da vegetação, embalado pelo som ritmado das águas agitadas do rio Vouga, emprenhado pelas chuvas intensas do Inverno.
A paisagem, de uma beleza estonteante, inebriou os sentidos.
A razão da viagem aconteceu: reencontro calmo, sereno, envolto em olhares que se percebem, sem recurso a muitas palavras; abrimo-nos numa amizade partilhada, alicerçada no tempo; demo-nos na compreensão das diferenças; entendi uma verdade pura: numa amizade, cada amigo é único, importante. A amizade não se esgota na distância, no silêncio. A amizade respeita os tempos de cada uma das partes e dá-se sem exigências, apenas acontece!


"As ironias da vida acontecem: a lonjura da distância, gerada por um acaso da vida, permitiu o que a proximidade quotidiana adiava."