Por iniciativa da bancada do CDS-PP, terá lugar na próxima sexta-feira, dia 19 de Março, na Assembleia da República, um debate sobre a violência e a indisciplina nas escolas.
Esta iniciativa ganhou carácter de urgência devido aos recentes e trágicos acontecimentos que culminaram em perda de vida humana por causa da violência a que as pessoas, em causa, foram sujeitas, nas escolas, onde passavam a maior parte do seu tempo.
Quer o menino, vítima de bullying, desaparecido nas águas do rio Tua, quer o professor, vítima de indisciplina dos alunos, que se suicidou, são dois casos que despertaram a consciência da sociedade, em geral, e do poder político em particular.
Estes casos são a ponta do iceberg de uma realidade, há muito conhecida, mas pouco discutida.
A iniciativa agendada para o dia 19 é louvável. É urgente debater o problema, de uma forma séria e consciente, apesar de algumas vozes discordantes que, num passado ainda bem recente, afirmavam não existir violência nas escolas públicas nacionais.
Esta afirmação demonstra bem a dicotomia existente, no conhecimento da realidade de sectores sociais, entre os agentes do poder político, responsáveis pela tutela de pastas públicas e a sociedade civil que os elegeu.
Negar um problema - impensável para quem contacta diariamente com a realidade Escola - não é de todo a melhor estratégia para o solucionar!
Há violência nas escolas públicas? Há sim!
Há casos de violência entre os estudantes? Também!
Existem professores, alvo de indisciplina, sistemática, por parte de alguns alunos? Sem dúvida!
O contrário acontece? Sim, mas muito raramente.
Perante esta realidade, nua e crua, urge tomar medidas que solucionem o problema, que é de todos nós, não nos iludamos! É a saúde futura do tecido social que está em causa.
Já se perdeu demasiado tempo com manobras evasivas, que o máximo que obtiveram foi o agravar da situação e a morte de dois seres humanos.
No ano das comemorações do centenário da República, regime político que fez da Educação um dos seus grandes estandartes, a melhor homenagem que se lhe poderá fazer é, sem dúvida, a discussão da situação de indisciplina nas escolas que gera violência, desmotivação, desânimo, para todos os intervenientes e que, aos poucos, vai minando os baluartes da sociedade portuguesa.
Se queremos apostar no futuro de Portugal, então tenhamos a coragem de destapar todo o “iceberg”!