Sentei-me, na dúvida do que iria escrever. As ideias, sugeridas pelo pensamento, eram, de imediato, recusadas. Esgotadas todas as hipóteses, apercebi-me que, de facto, por mais que me esforçasse, hoje, nesta noite, a musa inspiradora abandonara-me. Nem o som das salsas eróticas, que fluíam do computador, evocando a sensualidade dos sentidos, me despertava a inspiração para o momento sublime da criação: a escrita como um acto pessoal, único e individual, identificador, por excelência, da personalidade do ser criador.
Em contextos, como este, em que o tempo corre e a imaginação esvai-se, em enormes nadas, entrego-me à evidência constatada. Desligo o portátil.
Embrenho-me na magia da noite. Busco, nos sons quentes e sensuais do ritmo latino – americano, o elixir afrodisíaco da alma.
Reaverei a inspiração perdida!