Translate

sábado, 29 de maio de 2010

Palavras

Palavras: pequenas, longas, agradáveis, mortais! A força que traduzem é forjada na essência que as forma!
Palavras com alma, mas rosto também! A face de uma palavra é o som que se solta quando entoada, a sua alma é a génese do sentido, a dualidade no significado.
Há palavras lindas, adocicadas, que despertam empatia, outras taciturnas, negras como breu, que entristecem, amargam, gravam-se na memória, pela mágoa provocada!
Há palavras doces, ternas, que fascinam, deslumbram, são palavras de alma grande e face bela!
E há também aquelas que sorriem, em sorrisos contagiantes, rasgados, apetecidos, em rostos alegres.
Mas as mais perigosas são as que tapam a face, esvaziam a alma, mascaram as intenções dos que as falam!
Com as palavras amamos, partimos, saudamos, afastamos.
Com as palavras mudamos, lutamos, mostramos.
Com as palavras podemos, alcançamos, desafiamos,
Com as palavras argumentamos, decidimos, renovamos.
Recomeçamos!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Recantos

Num compasso de espera obrigatório, deambulei pela “minha” cidade, redescobrindo a beleza do antigo, ofuscado pelo véu da modernidade.
Remetidas ao esquecimento, calcorreei vielas, ruelas e betesgas repletas de vazios e silêncios, envelhecidas pelo tempo e nele paradas! Fascinou-me a rusticidade das suas formas, o pitoresco dos ambientes, esquecidas no meio de uma outra cidade, moderna e atípica.
A azáfama de outrora, na efervescência quotidiana da vida, cedeu o lugar à calmaria resignada da velhice.
Afundada, no pensamento, caminho, ao acaso, em busca de um lugar de paragem, esperando, pacientemente, pelo movimento dos ponteiros do relógio que parecem emperrados pelo verdete do tempo.
De repente, surge, descubro-a! Encoberta, pelo traçado arquitectónico de uma época passada, uma tasquinha, de ar simples e humilde, surge à minha frente: entro, perante a curiosidade de olhares rotineiros, pouco habituados ao desconhecido.
Sem qualquer esforço, depressa, imbuo-me no espaço ambiente: pequeno e sem pretensões, retrato fiel da calma e tranquilidade de quem o dirige!
Os aromas, que pairam no ar, aguçam-me o apetite e os sabores de uns petiscos caseiros saciam-me a fome. Rendo-me!
O tempo passou a correr. A obrigatoriedade, do que me aguarda, desperta-me para a necessidade da partida. Saio.
Na vontade, gravo a certeza do regresso.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Um pensamento

Hoje engoli um pensamento: um daqueles exclamativos, interrogativos, imperativos, até!
Não é que eu goste, particularmente, do sabor que deixam, na alma, ao serem tragados pela decisão, mas há contextos em que a melhor resposta é sem dúvida o silêncio das palavras não ditas.
Sim, porque mesmo para as palavras há momentos certos, momentos em que estas emprenham-se de sentidos e desferem golpes certeiros na semântica da comunicação!
O pensamento que hoje engoli era cinzento, desmaiado na intensidade dos afectos, talvez por isso não me tenha saciado a fome da acção!
Por entre a rotina apressada, digeri um pensamento! Esvaziei-o!
Remeti-o para o esquecimento!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

" O Mostrengo"

"O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou trez vezes,
Voou trez vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-rei D. João Segundo!»
in, MENSAGEM de Fernando Pessoa-
Segunda Parte: Mar Portuguez
- O Mostrengo


Chegaste de olhar precavido, de ser magoado pelas agruras da vida.
Surgiste do nada: a noção temporal da lembrança perde-se na memória esquecida da desatenção.
Soube-te, antes de te conhecer.
E "o mostrengo, que estava no fim do mar", era apenas um ser que queria amar!

terça-feira, 25 de maio de 2010

Lembrança de Ti

Pai:
Hoje, particularmente, a lembrança de ti aviva-se com mais intensidade e recordo-te com saudade. Não aquela saudade dorida, triste, que marcou os primeiros momentos da tua ausência, mas a saudade gerida pelo tempo: suave e terna, com um sorriso na lembrança.
Sorrio, sim, serenamente, ao rever a tua imagem bem nítida nas minhas recordações.
Estranhamente, sinto que ainda não partiste de todo. A tua presença é forte, constante; sinto-te, apesar de não te ver; sei que estás por perto; continuas, de um modo que não percebo, a proteger-me.
Sinto-a, mas não consigo explicar esta sensação que me diz que ainda não partiste por completo para o desconhecido!
Induzo a tua presença na ausência física, sei, mesmo sem te ver, que permaneces aí!
Sinto-a, mas não consigo explicar esta sensação de presença constante na ausência.
Sei que no dia em que tiveres de partir definitivamente, eu pressenti-lo-ei: os sentidos despertar-me-ão para o facto e a linguagem do coração, apoiada na intuição, confirmará a nova etapa que iniciarás.
Enquanto esse momento não chega, o desenho que, diariamente, vou traçando no mapa da minha vida, provar-te-á que valeu a pena o investimento que (me) fizeste.
E acima de tudo, tinhas toda a razão...
Parabéns, Páaaa!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O arco-íris e a pequena nuvem


Era uma vez um arco-íris, envergonhado, que, lá bem no alto, por entre as nuvens, fazia-se anunciar, sempre que o sol e a chuva mediam forças, numa batalha, já tão antiga como o próprio tempo!
Quando isso sucedia, o arco-íris, espreitava o céu e, timidamente, surgia por entre as nuvens que lhe aconchegavam a existência, sorria e, fazendo-o, deixava transparecer toda a beleza das suas sete cores que pincelavam a paisagem em seu redor. Era um lindo arco-íris, tímido, um pouco teimoso, mas com um coração grande, tão grande como o espaço que as suas cores pincelavam.
Certo dia, em que o sol e a chuva acordaram mais rezingões e a batalha parecia não terminar, o arco-íris, impedido de regressar ao conforto macio do aconchego das nuvens, pairou por mais tempo na curva do céu, intensificando as cores que o compunham. Olhou e reparou numa pequena nuvem branca que, com ar triste, chorava gotas de água. Aproximou-se de mansinho e, com voz meiga, perguntou-lhe porque chorava ela. A nuvem, extasiada com as cores intensas daquele arco, parou o choro, limpou as lágrimas a um farrapinho que se soltara de si própria e, numa vozinha amedrontada, contou-lhe a sua história.
Enquanto passeava pela imensidão do céu, distraíra-se com a paisagem que observava a seus pés. Lá em baixo, via pessoas que corriam atarefadas, com ar sério, como se procurassem o desconhecido e, sem se aperceber, fora ficando para trás. As outras nuvens tinham continuado o passeio e ela perdera-se das suas irmãs e não sabia como as encontrar.
Então, o arco-íris pegou na pequena nuvem, colocou-a nas suas costas arqueadas e, brilhando com toda a intensidade que conseguiu, coloriu o céu, matizando-o de cores fortes e vivas.
Em baixo, as pessoas despertas pelas cores de um arco-íris tão belo e vivo, pararam a azáfama da correria em que viviam e observaram-no, admiradas por verem, no meio do seu arco, uma pequena nuvem tão colorida, irradiando luzes de várias tonalidades.
De repente, parecia que o céu se tinha enfeitado de mil cores para festejar o fim da briga entre o sol e a chuva. A beleza que emanava daquela pequena nuvem, encavalitada nas costas de um arco-íris, despertou a atenção de todas as outras nuvens que depressa correram procurando o foco da luminosidade.
A pequena nuvem, reconhecendo as suas irmãs, desceu das costas do arco-íris, lançou-lhe um sorriso aberto, acenou-lhe e correu para se juntar ao enublado do céu.
O arco-íris, feliz por ver a alegria da pequena nuvem, espreguiçou-se e, aproveitando o final da briga entre o sol e a chuva, retirou-se para o aconchego da sua existência.
Cá em baixo, todos os que testemunharam tamanha beleza, juravam que nunca tinham visto um arco-íris tão belo e intenso nas suas cores.
Ouvindo-os, o arco-íris sorriu e, descansando a cabeça numa fofa almofada de nuvens, adormeceu.

domingo, 23 de maio de 2010

Casarão

O velho casarão, com o seu ar imponente de aspecto secular, adormeceu nos braços do tempo, esquecendo-se do rebuliço contagiante que, uma vez por ano, quebrava a quietude e invadia a solidão forçada.
A chegada à aldeia dos donos, interrompia o sono hibernal que o assolava desde o Outono até ao início do Verão.
A alegria e a imaginação espontâneas da criançada da casa, animavam e despertavam-no da letargia em que caíra.
Construção antiga, assente em paredes de pedra rude, mas fortes e vigorosas e sustentado por vigas de madeira de carvalho, o casarão vibrava ao sentir que a vida pululava no seu interior.
Conjunto harmonioso, na rusticidade que o forma, o velho casarão conviveu com gerações de gente: riu, chorou, foi refúgio no despertar de emoções e sentires, cumpliciou e partilhou, encerrando, no interior das suas grossas paredes de pedra granítica, ecos de segredos, sussurrados, murmurados, lamentados.
O tempo passou, as gentes desapareceram e o velho casarão continua implantado na terra que o viu nascer.
A sua beleza não esmoreceu nas mãos do tempo, continua com um ar imponente, apesar da tristeza que se pressente.
A emoção sentida pela alegria contagiante da pequenada, que todos os verões, animava o seu espaço, há muito desapareceu.
O tempo passou e as memórias do casarão cruzam-se com as memórias da infância perdida, tornada adulta.
Distanciados no espaço, separados pelo tempo, ambos pertencem-se e recordam-se na infinidade da lembrança!

sábado, 22 de maio de 2010

Retalhos

Sentada, no banco do jardim, contemplo o horizonte e aprecio o cair da noite na sua forma mais bela e serena.
A brisa suave, que corre de mansinho, acaricia-me o rosto, refresca-me o corpo, despertando o pensamento para recordações avivadas pelos sentidos.
Num outro tempo, num outro espaço, a mesma sensação de paz e tranquilidade percorreu-me, possuindo o todo de mim, numa comunhão com o ambiente envolvente.
Deixo-me transportar na viagem ao passado sem oferecer resistência! Recordo, revivo e revejo pessoas, espaços, ambientes. Os retalhos de imagens, que se soltam da arca da memória, sacodem o pó da saudade e aprimoram um sorriso carinhoso no rosto da lembrança.
Entrego-me!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Quiproquó

A conjuntura económica, que se tem agravado nos últimos tempos, com as inevitáveis repercussões no dia-a-dia de cada um de nós, desanima o mais comum dos cidadãos, face às dificuldades que se avizinham!
As conversas de café giram todas à volta do mesmo assunto e o ar de preocupação estampa-se na cara dos intervenientes. O desânimo, patente na voz dos que se ouvem, contagia o ambiente: este torna-se pesado, sorumbático pelo peso da preocupação consciente e reflexiva.
No meio de um cenário assim, com contornos melodramáticos, qualquer assunto que combata o desânimo (pre)sentido é uma risada franca e cristalina, uma lufada de ar fresco que faz renascer a esperança no futuro, mesmo que por breves momentos.
E, hoje, aconteceu uma situação dessas, um quiproquó na e da comunicação, que, de o ser, gerou um episódio hilariante, com contornos surrealistas a tocar o “non sense”. Por momentos a boa disposição abriu os braços à alegria e juntas riram num riso franco e sincero, deixando transparecer o sentido de humor, tão característico de nós próprios.
E o soltar do riso, aquele que brota do mais fundo do ser, por quão verdadeiro que é, desencadeou uma sensação de bem-estar despreocupado, ajudando a esquecer, por instantes, os problemas e reavivando emoções há muito adormecidas!
A sensação que se retira de uma boa e divertida risada, gostosa e franca, é como um sol resplandecente que emana a sua luminosidade, em raios de afecto, aquecendo o coração das gentes simples e verdadeiras!
Hoje o sol aqueceu o meu: ri como há muito não o fazia!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

A força das palavras

Para quem pensa e faz da escrita um refúgio muito pessoal no atribulado rebuliço do dia-a-dia, para aplanar pensamentos e emoções, em momentos de recolha interior, inevitavelmente, depara-se com o problema da escolha das palavras para exprimir as ideias a transmitir.
O acto de escrever, exteriorizando, por palavras, a linguagem do pensamento e a do coração, revela-se um exercício minucioso e de máxima precisão em que a inspiração pessoal não lhe é alheio: exige muito cuidado, correndo-se o risco de, na utilização das palavras escolhidas, perder a força da ideia, a torrente do pensamento, os afectos da alma.
No exercício da escrita, a opção por uma ou outra palavra diferencia e categoriza um bom texto, aprazível de se ler, de um texto comum, que de banal na normalidade, perde-se nos recônditos da memória.
Quando na vida e na escrita, corajosamente, se desnuda a alma, abrindo-a ao outro, num partilhar de afectos, descobrindo a máscara com que, diariamente, nos protegemos das agressões exteriores, quer sejam sucessos ou desaires, alegrias ou tristezas, a empatia surge, a cumplicidade estabelece-se, a comunicação acontece e a diferença esbate-se.
A força da afectividade, colocada em cada um dos mais ínfimos gestos, que nos acompanha ao longo do dia, a entrega sincera, a veracidade do que se proclama e o brilho reflectido no olhar - espelho da alma - enaltece o carácter do sujeito e fá-lo perdurar nas memórias do Outro.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Aconchego

O som melódico e calmo, das músicas escutadas, acompanhou-me neste final de dia repleto de luminosidade.
O sol, cansado de tanto brilhar, aconchega-se no abraço da lua que, envergonhadamente, espreita o horizonte numa harmonia natural.
O céu matiza-se de cores alaranjadas por um pôr-do-sol soberbo, anunciando a chegada do crepúsculo.
A beleza tranquila de um final de tarde ameno contagia o espírito na paz que se deseja.
A Natureza silencia-se nos braços da noite.
Adormece!

sábado, 15 de maio de 2010

Pausa

Quando o pensamento se distrai em rasgos de memória, acompanhado pelo olhar que se distancia do imediato e os sons circundantes cessam os seus murmúrios, interpreto os sinais emanados do corpo e obrigo-me a uma pausa no trabalho: retorno ao espaço que me envolve, perscruto o barulho sincopado dos carros que circulam lá fora. De repente, apercebo-me de como o céu se pintou de tons acinzentados, preste a chorar pelo sol que partira.
Contemplo o ritmo da vida, por entre as amplas vidraças debruçadas para o exterior e distraio-me com os pequenos pormenores que se sucedem enquanto o pensamento se solta, rodopiando ao sabor do vento forte que se levantara.
O som estridente de um telemóvel, que se faz ouvir ao longe, relembra-me da necessidade de regressar ao trabalho!
Recomeço...

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Carta aberta a José Sócrates

Ex-mo Senhor Primeiro-Ministro
Engº José Sócrates:

Como cidadã, que sempre procurou cumprir com os seus deveres cívicos, em prol dos interesses do nosso país, dirijo a V. Ex.ª esta missiva após ter escutado, com a máxima atenção, a comunicação que dirigiu ao país, logo a seguir ao final da reunião do Conselho de Ministros extraordinária de hoje, na qual se discutiram as medidas extraordinárias a incluir no PEC.
Pelo que entendi - confesso que percebo pouco de economia política - foi necessário alterar o teor do documento inicial, uma vez que as propostas aí inscritas manifestaram-se insuficientes para o combate à redução do deficit e da consolidação orçamental de que a economia portuguesa tanto necessita.
Como referi, no acima citado, pouco percebo de economia política e o que sei advém-me de um mero conhecimento empírico que deriva da necessidade de ter de gerir as economias mensais de uma família. Neste aspecto assemelho-me a tantos milhares de portugueses que se encontram na mesma situação.
A minha consciência, associada à responsabilidade para com o meu país, faz-me entender a necessidade de tomada de decisões, opções político-económicas, que pretendam evitar o descalabro ocorrido na Grécia e garantir que Portugal consiga transmitir, para o exterior, uma segurança e uma firmeza, nas decisões tomadas, que sejam indiscutíveis aos olhos dos mercados internacionais. Dito de outro modo, para continuarmos a dar credibilidade e confiança na nossa economia para que possamos continuar a beneficiar dos apoios económicos e dos empréstimos que a suportam.
Somos um país dependente do exterior, por não produzimos o necessário de que necessitamos e, por isso, vemo-nos obrigados a comprar fora o que dentro não temos, isto é, de modo a suprir as faltas existentes.
As nossas indústrias fecham, a agricultura anda pelas ruas da amargura, as pessoas vêem-se, de um momento para o outro, sem trabalho e sem recursos económicos para poderem sobreviver face às obrigações mensais a que estão sujeitas, recorrentes da saúde, educação e cuidados básicos de que necessitam. Os sacrifícios pedidos aos portugueses deverão, para muitos, assemelharem-se a insultos, tendo em conta a situação precária em que já vivem. Basta haver um aumento do IVA e todos os portugueses passarão a pagar mais caro produtos e serviços, muitos deles essenciais. A medida afectará todos, independentemente do patamar económico em que se encontrem.
Ouvindo-o, com toda a atenção e preocupação, percebi que com estas medidas, agora introduzidas, V. Ex.ª pretende, ainda este ano, baixar em dois pontos percentuais, de 9,3 para 7,3, o deficit existente. Para alcançar tal objectivo irá diminuir as despesas do Estado (!!!) e aumentar as receitas. Recordo que num passado não muito longínquo, esta solução fora já tomada, sem resultados que se notassem.
Como chefe do governo a que preside, e escolhido para estar à frente dos desígnios deste país, compete a V. Ex.ª tomar as decisões que aprouver, colocando acima de todos os demais os interesses nacionais.
Sou portuguesa, cidadã que sempre pagou os seus impostos, funcionária pública que teve a progressão na carreira congelada desde 2005, e, por isso, sinto-me à vontade para dirigir a V. Ex.ª esta missiva.
O esforço que fiz, tal como muitos outros na minha situação não resultou, repito, uma vez que a situação se agravou. Sei que responderá “o contexto internacional alterou-se nos últimos tempos e despoletou uma bola de neve quase incontrolável, da qual o governo não tem culpa, nem poderia adivinhar”. O certo é que a constatação de tal facto entristece-me e desmotiva-me, pois sinto que o que me foi imposto não contribuiu para a solução do problema.
Senhor Primeiro-Ministro, Engº José Sócrates, ao terminar, agradecia-lhe que não se esquecesse que Portugal somos todos nós, cada qual com as suas funções e cargos, mas todos com os mesmos direitos e deveres, já que vivemos num regime democrático.
Não seria a altura do exemplo do que nos pedem começar a vir de cima para que possamos voltar a acreditar nas boas intenções dos nossos governantes e dos que ocupam cargos públicos e políticos de gerência e direcção? É que pedir sacrifícios e depois verificarmos que quem mais pode continua a não contribuir, proporcionalmente, como os outros portugueses, leva-nos a questionar sobre a veracidade da democracia em que vivemos e da pertinência do que nos pedem.
Terminando de um modo semelhante ao de um passado longínquo, mas sem qualquer intuito revivalista de regresso ao mesmo, despeço-me, acreditando que ainda há esperança para o meu país: O Portugal que deu novos mundos ao Mundo!
A bem da Nação!
Uma cidadã preocupada.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Reflexões de um final de dia...

A noite cai na sua imensidão de silêncios e vazios por preencher. O corpo, cansado do desgaste intenso do dia, grita pelo descanso merecido.
O espírito, desiludido pela conduta de quem exerce e pode, silencia-se na incompreensão das escolhas feitas, das decisões tomadas.
Com o início da madrugada, a percepção das opções clarifica-se, torna-se límpida na sua interpretação. As palavras perdem o sentido,esvaziam-se da veracidade que encerram, traídas pelo espelho da alma que reflecte a imagem verdadeira da pessoa: o olhar.
A tranquilidade da consciência nas intenções que a norteiam, a necessidade de descansar o lado mais físico, que nos forma, no ser que se É, são a fonte regeneradora que sacia a sede de um final de dia, no qual se redescobriu uma das verdades da vida: o Homen é um ser político. Nuns essa faceta está mais vincada, noutros mais ténue, mas em ambos os casos, essa característica, própria da espécie, origina bons e maus detentores e executores do poder: há os que se limitam a exercê-lo, deixando-se inebriar com a aparente força que ele propicia e os que nascem, naturalmente, líderes!
Entre esta pequena, grande, diferença tudo é plausível de acontecer!
(demasiado cansada, quase a dormir, com a capacidade de raciocínio a esgotar-se e estonteada de sono, termino este breve pensamento em forma de reflexão.)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

O valor da vitória

Assim como na semana passada dediquei o meu post ao adiar de um sonho, que para muitos seria impensável, hoje não poderia deixar de retomar o assunto para, na hora da consagração, dirigir uma palavra de saudação aos vencedores e seus adeptos e recordar-lhes uma máxima que o “guerreiro vitorioso” e seus apoiantes deverão ter sempre presente: a alegria da vitória não poderá fazer esquecer, nunca, que o valor da mesma baseia-se na verdadeira dignidade, espírito e garra de vencedor demonstrada no respeito pelo adversário, revelando tal atitude uma integridade e verticalidade de carácter, própria de quem tem alma de campeão e é um vencedor no seu Todo.Quando a maior parte dos adeptos e os dirigentes entenderem esta ideia tão nobre, então sim a consagração como campeão,far-se-á!
Antes de terminar, os meus parabéns para todas as outras equipas e em especial para o Sporting de Braga, que contribuiu para que o campeonato tivesse o seu desfecho decisivo apenas na última jornada, obtendo um honroso 2º lugar.
Parabéns a todas as equipas vencedoras!As que o foram por mérito próprio e as outras!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Noite

À noite, quando a vida parece adormecer, cansada da agitação do dia, e o silêncio invade o espaço, inspiro a aparente ausência do barulho e aguço a capacidade de perscrutar os pequenos sons, alguns quase inaudíveis, de tão subtis que são.
O restolhar das folhas das árvores, que se agitam em movimentos ritmados, embalados pela vontade do vento, torna-se perceptível no meio do silêncio da madrugada, perturbando a concentração alcançada na calma que se sentia.
À noite, quando o tempo, em traquinices constantes, movimenta os ponteiros do relógio, marcando, em ínfimas fracções, a sua passagem, o silêncio invade o todo e a reflexão acontece.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Festa Adiada

Quando grande parte dos adeptos de um certo clube futebolístico acreditava que iria festejar a consagração do seu clube, como campeão nacional, da presente época, nesta penúltima jornada, na casa daquele que, durante todo o campeonato, foi visto como o "inimigo" principal, com todos os incidentes que rodearam o primeiro jogo entre ambos, com as agressões e os castigos inflingidos que, sem dúvida, alteraram o rumo dos acontecimentos de uma das equipas, pois ficou desfalcada de uma peça crucial no onze habitual, eis que o quase impensável acontece. Dos dois resultados possíveis, que permitiriam a festa pensada, organizada e à espera para acontecer, o único que não interessava, foi o que veio a acontecer. E a almejada festa, com gostinho especial, lá teve de ser adiada por mais uma semana.
Como dizia alguém : " É a vida..."
Pois é, a vida tem destes imprevistos que nos trocam as voltas e quando, tudo parece encaminhar-se numa certa direcção, os ventos sopram em direcção contrária e o destino, que desejáramos alcançar, é adiado por mais uma semana... meses, tempo inderteminado, nalgums casos.
Irónico, irónico mesmo, era, na última jornada, por motivos imprevistos, conjugados entre si, a festa não viesse a acontecer lá para as bandas da mouraria e os foguetes e efusões de felicidade fossem transferidos para a linda cidade de Braga.
Quem sabe se o Bom Jeus, o de Braga, não resolve interceder e o milagre acontece?
(confesso que esta ideia não passa de uma divagaçao de início de madrugada, com a influência do sono a chegar, mas que tal ideia embala-me o pensamento e revitaliza-me o sono, para uma noite tranquila, isso eu confesso!)
Viva o Porto, Viva o Braga!
Acredito em milagres!