Desafioos: Poema

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Poema

SEM TI

E de súbito desaba o silêncio.
É um silêncio sem ti,
sem álamos,
sem luas.
Só nas minhas mãos
Ouço a música das tuas.

Eugénio de Andrade

O casarão

O casarão, imponente na sua altivez, alicerçado em duros blocos de granito, que a passagem do tempo não danificou, foi testemunha de vidas, de épocas, de alegrias e tristezas, sucessos e devaneios de sucessivas gerações que ali viveram, passaram e partiram.

Circundada de montes matizados em tons verdes e acastanhados, a aldeia, numa localização privilegiada, deslumbra os forasteiros que procuram a calma apaziguadora de uns dias de descanso e lazer.

Ali, quem de novo chega, rapidamente, descobre o coração do povoado, situado no largo da fonte, onde outrora pululava de vida e era o local, por excelência, do convívio que se gerava no seio da comunidade.

Mas isso foi há muitos anos atrás, quando a atracção pelos grandes e desenvolvidos centros urbanos, ainda, era diminuta.

Hoje, Formilo não passa de mais uma das muitas aldeias beirãs silenciada, vergada ao peso da idade, retrato vivo de uma sociedade envelhecida.

Luz Câmara

Ano Novo

Naquele primeiro dia do ano, claro e luminoso, tu e eu, açoitados pela aragem fria de um Sol tímido de Janeiro, protegíamo-nos do vento Norte, enroscados nos quentes agasalhos, enquanto, calmamente, observávamos o mar, enfeitiçados pelo movimento cadenciado das ondas, num vai e vem constante.

Lá no alto, voando livremente no azul imenso do céu, as gaivotas, em bando, gritavam sons estridentes.

A tranquilidade da paisagem, aliada à beleza de um areal dourado pelos raios de um pôr-do-sol reflectido no mar, acompanhou-nos no passeio calmo à beira-mar. Lado a lado, percorríamos aquela praia, embalados pela conversa que brotava naturalmente. Para trás, ficava desenhada na areia a marca dos nossos pés. Por breves momentos, fomos donos do areal, até uma onda atrevida espraiar-se e apagar as formas gravadas na areia húmida.

Aos poucos o Sol foi-se pondo, descendo a linha do horizonte e a claridade deu lugar ao lusco-fusco, antes da chegada da noite.

O vento, empurrado pelo mar, tornou-se cada vez mais gélido e o conforto de um lugar aquecido guiou-nos.

Neste primeiro dia de Janeiro, tu e eu festejámos a entrada do novo ano na tranquilidade de nós dois.

Luz Câmara

Desafioos

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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Poema

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