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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Noite

A constatação de que a noite exerce sobre mim um fascínio inexplicável é um facto há muito descoberto.
Sem dúvida, a noite é, por excelência, o momento do dia em que me confesso, reflicto, e me reajusto num movimento interior de auto conhecimento e da procura da parte mais escondida dos outros.
A noite conflui em si uma aura de misticismo e secretismo que me transporta para os confins do desconhecido numa demanda pessoal, única e nunca acabada.
É à noite, quando a escuridão e o silêncio se espalham em vagas sucessivas e invadem o todo, que o cenário ideal acontece para que uma outra luz, foco de energia, resplandesça e brilhe em todo o seu esplendor e, projectando-se no infinito, expluda em jorros de beleza inalcançável e indescritível.
Talvez um dia, na longa noite, algures, num ponto do espaço infinito e de um tempo ainda não sabido, a junção entre as duas aconteça e a busca do “Graal” pessoal cesse.
E finalmente uma doce serenidade envolva e abrace um ser à descoberta de si próprio.