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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Fim de noite


Mais uma noite que desponta: serena, tranquila, pacífica.
Finalmente, abraço aquele momento do dia que é só meu. Saboreio-o sem pressa, prolongando a sensação de bem-estar que busco nele.
Sempre fui uma noctívaga.
Agora que o dia adormece e me obriga a deitar com ele, é que eu irrompia pela madrugada adentro, inspirando-me na companhia da música, da escrita e dos meus pensamentos.
Deixem-me estar! Não me perturbem! Preciso deste bocadinho de tempo para reflectir, repensar a caminhada do dia que finda e preparar o percurso que se inicia em cada nova alvorada.
Neste momento só meu, cabem todos os sentimentos, todas as lembranças, todos os projectos, alguns, eternamente, projectos e, essencialmente, a voz da razão, maturada pela experiência de vida. É ela que me faz perceber quão ténue ou distante pode ser a fronteira que separa o querer do poder.
Que venha então a noite, que desça sobre mim, me cubra com o seu manto lúcido e aconchegante e me envolva nos seus longos braços, sábios e conselheiros.