Ei-lo que volta,
não por entre a sombra de um dia de nevoeiro, mas antes esgueirando-se por
entre os pingos de chuva (e pelas críticas), imune à controversa que o seu
regresso gerou.
Quando há dois
anos se afastou do governo, do partido, do país e rumou até Paris, mantendo-se
num mutismo absoluto, afirmei que se tratava de uma retirada estratégica e que,
mais cedo ou mais tarde, voltaria. Não me enganei! Na altura, Sócrates percebeu que perdera uma batalha, mas não a guerra. Fez do silêncio o seu maior aliado, e deixou que a conjuntura económica mundial, associada às directrizes de uma Europa a duas velocidades, se encarregasse de piorar a situação económica, política e social que deixara quando se afastou de Portugal.
Não teve pressa, soube esperar o momento oportuno para reaparecer. Foram dois anos minuciosamente pensados, ponderadamente planeados, detalhadamente arquitectados na não desistência do poder.
Hoje, é o grande dia. A campanha política para o futuro cargo, que nega pretender, inicia-se com esta entrevista.
Estou curiosa em ver como é que se vai esgrimir das perguntas incómodas que lhe irão colocar. Uma certeza, eu tenho: ir-se-á escusar da melhor maneira, pois “lábia” foi arte que nunca lhe faltou!
Oiçamo-lo, então!