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sábado, 29 de março de 2014

A não existência de políticas demográficas ou a infalível arte de hipotecar o futuro


Em diferentes momentos, já aqui reflecti sobre a problemática da não existência de políticas demográficas em Portugal, uma vez considerar o assunto de capital importância, se pensarmos em termos de futuro e de sustentabilidade do nosso país.
Os sucessivos governantes, apesar das mensagens veiculadas pelas estatísticas nos mostrarem o precipício para o qual caminhamos, a passos largos, parecem autistas, ignorando as dramáticas consequências para a sociedade, num futuro muito próximo.
Se quem de direito não entende que já ontem era tarde demais para a implementação de um conjunto de medidas sérias, válidas, cujos resultados só a médio e longo prazo se farão sentir, de modo a inverter o desenho demográfico da nossa população, então são uns governantes sem visão, inábeis em projectar o futuro; ou, dito por outras palavras, estamos, completamente, nas mãos de seres incapaz de tomarem decisões e de se aperceberem dos contornos do que é realmente importante, moribundos da política e arrastando-nos para um estado de morte social.
Os números continuam a demonstrar as catastróficas consequências que, daqui a alguns anos, iremos sofrer, se nada for feito.
Em 2060, a população absoluta portuguesa rondará os oito milhões de habitantes, contra os cerca de dez milhões do presente. O retrocesso é tão grande que equiparamos o número de habitantes existente durante a Idade Média. É alarmante!
Em cada ano que passa, vamos, em termos absolutos, minguando, vamos envelhecendo, com um prolongamento da esperança média de vida, vamo-nos tornando um país, literalmente, composto de velhos. A luz vermelha do alarme demográfico há muito que soa, mas ninguém se preocupa, ninguém faz nada para alterar esta realidade.
Este problema, só com muita sorte (ou azar) me afectará, uma vez que, em 2060, mesmo com a esperança média de vida, nas mulheres,  a aumentar para os 92 anos, terei 100 e, a não ser que o Senhor me conceda um bónus, não chegarei lá. Contudo, os meus filhos, os meus netos e os vindouros deparar-se-ão com esta triste e preocupante constatação.
Acordem! Ajam, enquanto é tempo!