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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Cumplicidades de mim

A serenidade da noite é cúmplice do sentir que me invade.
A paz, desenhada na tranquilidade, inunda-me o ser e reflecte-se na noite. Com ela elevo-me, agiganto-me em sensações renovadas: sou a calmaria da bonança; sou um fio de água tranquilo no seu percurso para o mar; sou as cores quentes e intensas de uma pintura abstracta, que se desvenda no mistério do sentido escondido, das interpretações possíveis.
No final da noite, sou apenas eu, no todo que me forma, envolta na paz interior de diálogos silenciosos, sem ambiguidades, na harmonia alcançada pela fusão completa de espírito e de matéria.
No final da noite, entrego-me às memórias doces que me transmitem calma, paz, tranquilidade em cumplicidades de mim.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Ritual

Hoje, de novo, vou-me entregar à dança, libertar o espírito e sentir essa sensação única, de leveza de alma, ao ritmo do movimento do corpo, do fluir das sensações e da criação espontânea!
No final do dia, encontro, na dança,a sensação de paz que me percorre o todo.
Quando a noite chega e a aula começa,parto na viagem, à descoberta interior de mim: transfiguro-me, transformo-me, reencontro-me e flutuo, pairo, vôo, contagiada pela magia que a música me inspira.
Esqueço, por momentos, os obstáculos da vida e recupero a intensidade da força e da vontade, bebida na dança, fonte de energia!
Regresso renascida, reforçada no espírito da alma apaziguada!
Cumpriu-se o ritual!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Passagem

(Quando num final de dia o cansaço invade todo o ser, a inspiração perde-se, a escrita ressente-se e o texto quase não acontece...)

Entre o nada e o tudo há uma passagem difícil no caminho a percorrer, obstáculos bem sofridos e um desafio a vencer!
Entre o nada e o tudo há uma vontade a crescer, na certeza do querer, pela força de um ser! Há um sorriso na esperança e a firmeza em vingar o sonho imaginado, o desejo só pensado e a coragem para fazer a vida acontecer!
Entre o nada e o tudo há um hiato de vida, por vazios preenchido, fragmentos desencontrados, num tempo desperdiçado!
Entre o nada e o tudo há o querer do presente e um futuro a construir!

domingo, 25 de abril de 2010

Triologia

No feriado que comemora a passagem de mais um ano da Revolução de Abril de 1974, o assunto do post de hoje teria, quase obrigatoriamente, de subordinar-se ao tema “A Liberdade”.
Até porque, no decorrer do fim-de-semana, este conceito, directa ou indirectamente, esteve sempre presente de um modo muito premente.
Escolhido o assunto, restava-me dissertar sobre o mesmo.
Recostei-me na cadeira, observei a vida que decorria lá fora, num final de tarde ameno, com fragrâncias intensas a cheirar a Verão e esquematizei o pensamento, de modo a dar forma às ideias.
Liberdade, livre arbítrio e responsabilidade: três conceitos impossíveis de dissociar.
Liberdade de modo a podermos optar por determinados caminhos, escolhas, trajectos, com a consciência plena que qualquer que seja a escolha, esta implicará, sempre, a responsabilidade das decisões tomadas.
Livre arbítrio, pois só com ele poderá haver responsabilização pelos actos praticados e pelas opções tomadas.
Responsabilidade, sinónimo de crescimento interior, sazonamento da personalidade e maturidade do Ser.
Se cada ser humano gerir a sua vida, com base nestes três conceitos, a sociedade crescerá, enriquecer-se-á e abrir-se-á ao Outro.
E a bestialidade primordial, inerente à espécie, tenderá a diluir-se, mais rapidamente, no polimento secular do tempo.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Cumplicidades

"Neste Dia Mundial do Livro, homenageio, em forma de texto, todos os livros que me permitiram ser o que sou, o que sei e o que dou!"



Procurei-te na dúvida do que queria. Não tinhas forma nem conteúdo! Entre vários, eras, apenas, uma mera possibilidade, ainda não tornada verdade.
Procurei-te, na ânsia do desejo. Intuía a certeza que me pertencerias. Aguardavas a posse real do acto num abandono permitido.
Pertencíamo-nos, antes de nos encontrarmos.
Desconhecendo-te, abri-te, explorei cada recanto do teu mundo, em páginas folheadas, na procura do saber, em forma de palavras. Partilhaste-te na riqueza da entrega.
E a cumplicidade fez-se, envolta em cenários imaginários, vidas desnudadas, histórias desvirginadas, ao sabor das palavras, desenhadas pela mão do artista.
Juntos, vivemos fragmentos de tempo não contados, em encontros procurados, em prazeres sentidos.
Em suaves gestos, abri-te, acariciei cada página tua, afundei-me na profundeza das palavras, na beleza escultural das frases, na sequência das ideias, tornadas texto pela mão de um escritor.
Desde cedo, partilhámo-nos numa entrega a dois: desejada, procurada, consentida.
Abriste-me mundos desconhecidos, ensinaste-me lições não sabidas, cativaste-me!
Eu, apenas, escolhi-te, possui-te, li-te!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Pequenos Nadas

" A vida é feita de pequenos nadas, a vida é feita de pequenos nadas" afirma Sérgio Godinho numa das suas inúmeras canções.
Na verdade a vida é uma sucessão de pequenos nadas que,por o serem, originam grandes todos.
Os pequenos nadas da vida assemelham-se aos minúsculos grãos de areia de uma imensa praia que, isolados, não têm importância, mas juntamente com os demais, permitem a formação de um vasto areal de beleza ímpar.
A (des)importância, sucessiva, aos ínfimos e minúsculos grãos de areia da vida origina, frequentemente,intempéries formadas por marés vivas e tempestades que varrem o areal,tragado pelas ondas galgantes do mar.
Com o fim da tempestade,o turbilhão das águas revoltas amansa e regressa a calmaria. A praia desnuda os estragos sofridos na alma: continua imensa e aprazível, apesar de parte dos seus ínfimos e minúsculos grãos de areia terem sido engolidos pelo mar.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Mentalidades

No telejornal de hoje, da estação televisiva SIC, a dada altura, o repórter questionava o público se sabia qual o país mais feliz do mundo, ou, dito de uma maneira mais correcta, qual seria o país com o nível de vida mais elevado e com o maior grau de satisfação por parte dos seus habitantes. A resposta não demorou muito. Um país do Norte da Europa, a Dinamarca.
Aqui, o Estado proporciona aos indivíduos um nível de vida, do mais elevado que existe,em termos de apoios económicos e sociais, qualquer que seja a etapa de vida em que se encontrem.
As imagens passadas testemunhavam o dia-a-dia de um povo que, há muito, percebeu a importância da consciência social para o bem comum, alicerçada na responsabilidade de cada um para o uno social. As intervenções de todos os que acederam a participar na reportagem, foram o exemplo da mentalidade de um povo, consciente, maduro, e socialmente adulto.
A comparação com o nosso país foi inevitável, constante, à medida que as imagens iam passando e as informações eram veiculadas.
Desde boas condições de trabalho até apoios sociais vários, qualquer que seja o nível etário do indivíduo, nada é descurado.
Como é que a Dinamarca consegue, então, tal feito? Alcança-o devido a uma questão de mentalidade do seu povo. Os dinamarqueses não se importam de ser o país em que se cobra os mais elevados impostos da Europa, pois sabem que esse dinheiro vai contribuir para o bem-estar de todos . Têm consciência de que o Estado gere o dinheiro público com o objectivo único de contribuir para o desenvolvimento do tecido social. Na Dinamarca ninguém foge aos impostos e todos os que recebem subsídios, vêm essa situação como transitória, pois sentem vergonha de estarem a ser “governados” pelos que trabalham. Na Dinamarca, não se recusa emprego, trabalha-se! Na Dinamarca não há mordomias para os poderosos, quaisquer que eles sejam . Na Dinamarca “faces ocultas”, “Freeport” “ Independentes” e casos semelhantes não existem, são impensáveis, porque é uma questão de mentalidade de um povo!
Será que algum dia a situação descrita poderá concretizar-se em Portugal?
Apesar de optimista por natureza, duvido muito e mais uma vez relembro uma das frases proferidas, na faculdade, por um grande mestre, Vitorino Magalhães Godinho. Dizia ele que, numa sociedade, o que demorava mais tempo a evoluir, transformando-se, eram as mentalidades
Desde 1143, que a areia desliza na ampulheta, numa contagem decrescente do tempo!
Haja esperança!

terça-feira, 20 de abril de 2010

Contraste



O aparecimento, em pedacitos do céu, de nuvens a pairar no horizonte, encobrindo a alegria e a vivacidade despontada por um Sol luminoso e radiante, de modo algum implica a profecia de uma tempestade que se avizinha.
A paisagem sombria e escura que se visualiza, num primeiro olhar, de imediato, cede lugar a um espaço repleto de luz e cor, pronúncio de um tempo aprazível e delicioso que se necessita.
Quase perdido, na distância que o aparta, não é uma miragem, antes um oásis que sacia o olhar de quem agarra a esperança.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Refúgio

Após um dia de trabalho intenso e desgastante, a procura de um momento de pausa, na busca da serenidade interior, regeneradora do todo, encaminhou-me para um local tranquilo, de beleza reconfortante, inspiradora do bem-estar que se pretendia.
Perdido, no rebuliço distraído da cidade, o sítio que, há muito, elegi como refúgio pessoal, aguardava-me, no anonimato da pressa agitada de fim de tarde.
Sentei-me e, de novo, inspirei a beleza natural que me rodeava. A calma e a serenidade, do ambiente, envolveram-me nos seus braços, segredando-me “ podes contar sempre connosco”.
O olhar diluiu-se na infinidade do horizonte, abstraí-me da vida que ressurgia bem perto de mim. Perdi a noção temporal do momento.
De repente, frases soltas, incompreensíveis, em vozes estranhas, acordaram-me da letargia em que imergira. Em meu redor, outras pessoas buscavam, naquele lugar, a mesma calma e tranquilidade que me levara ali.
Agora, de sentidos, já bem, despertos, deixei-me ficar, hipnotizada pelas conversas que se soltavam dos encontros de final de tarde.
Sem qualquer intuito intruso, apercebi-me de farrapos de frases que ecoavam até mim, provenientes de diferentes diálogos que se cruzavam no espaço e no tempo. Eram não frases: absurdas, sem sentido, descontextualizadas, chegadas, de todos os lados, em catadupas, invadindo a privacidade, na perda da mesma: “ ó amigo, eu vou na mesma às 4, mas se chegar às 5, já sabes. Ok amigo, até logo (…)”, soltava, em voz forte, um jovem, com ar de executivo bem vestido, pela exigência da profissão; “ pode não ter fome (…), está lá (…), isso ultrapassa a nossa intriga (…). Não diga isso que depois fico com fome (…)”, proferia, em voz de soprano, um homem, num tom matreiro, de desejo pressentido, insinuando-se para a companhia feminina da mesa.
Levantei-me, afastando-me dos diálogos que continuavam, em frases perdidas, entrecortadas, de conversas privadas, recuando a memória adormecida, aos tempos de faculdade, ao relembrar uma frase, personificação assumida da vaidade, muitas vezes escutada:
- “ Calem-se! Que eu gosto de me ouvir.”

domingo, 18 de abril de 2010

Bonsai


A grandiosidade na pequenez da forma: Na perseverança se vê a força do carácter!

sábado, 17 de abril de 2010

Paisagem

Ao longe, perdida numa das encostas sobranceira ao rio, avista-se a mancha compacta de um casario envelhecido pelo tempo: são retalhos de história, memórias esquecidas de gente sofrida, vivida, parida de corpo e alma.
Em baixo, indiferente, às histórias das gentes, o rio desliza, silenciosamente, no seu leito sinuoso, reflectindo o verde exuberante das suas margens.
Espreitando-o, o casario, testemunha secular de tanta beleza, pelos poetas cantada, pelos amantes sentida, deleita-se com a graciosidade estendida a seus pés.
O casario e o rio, personagens indiferentes à passagem do tempo, complementam-se nas memórias, quase esquecidas, das gentes envelhecidas no corpo e na alma.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Acordes do Tempo

Quando já tudo parecia indiciar a chegada, um pouco tímida, da Primavera eis que, de súbito, o tempo volta a cobrir-se com o seu manto negro, debruado de raios prateados.
Numa sinfonia "acórdica", o vento e a chuva soltam-se em compassos arrítmicos, de sons secos e estrondosos, dirigidos pela batuta da trovoada.
A paisagem transfigura-se:entristece, enegrece, escurece.
Os dias chuvosos e tristonhos regressam.
Fecha-se a Natureza, reaviva-se a reflexão!

domingo, 11 de abril de 2010

Rascunho

(Este post é um mero rascunho, esboço inicial de um texto que aguarda o seu final num tempo ainda não sabido)

Lá fora, a noite está serena. Os sons ténues que se perscrutam são sussurros da brisa que embalam a paragem do tempo.
As fragrâncias primaveris espalham-se pelo ar morno da madrugada, cúmplice de sentires, na certeza de partilha de quereres.
A serenidade invade e percorre todo o meu ser! Sou a consciência das decisões tomadas, a responsabilidade dos actos assumidos! Sinto a urgência da liberdade que me apela ao desagrilhoar da corrente que maniatou demasiado tempo da vida.
Irradio a luz que me forma, sou reflexo espelhado nas águas calmas e tranquilas de um lago de águas cristalinas.
Na madrugada silenciosa, sou tudo e nada, na vontade da mudança, na certeza da razão, na firmeza da acção.
Lá fora, a serenidade da noite embalou-me nos seus braços.
Por fim, entreguei-me à tranquilidade do momento: adormeci.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Lá longe na imensidão...

Olho as estrelas, lá longe, perdidas no imenso azul do céu, são pontos cintilantes, luzes tremeluzentes, de brilho intenso.
Admiro as estrelas, lá longe, na noite escura. Diamantes bem polidos por mão misteriosa e portentosa.
Observo as estrelas, bem distantes, na cúpula abaulada do universo, pontos minúsculos em energias rodopiantes.
Ergo o olhar para a imensidão do espaço, e penso - lá longe, de onde as estrelas me olham, eu sou, apenas e só, um ponto minúsculo, matéria moldada por mão portentosa e misteriosa, energia concentrada, sem luz cintilante, na antípoda da cúpula abaulada do universo.
Lá longe, de onde as estrelas me olham, eu sou, apenas e só, um ponto minúsculo na imensidão do planeta, sou ausência e presença, dúvida e certeza, ignorância e saber no barro moldado em forma de vida -.
Lá longe, aqui ou lá, as estrelas e eu somos, apenas e só, pequenos pontos minúsculos, na vastidão imensa do caos organizado, por mão portentosa e sublime!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

(Des) inspiração

Sentei-me, na dúvida do que iria escrever. As ideias, sugeridas pelo pensamento, eram, de imediato, recusadas. Esgotadas todas as hipóteses, apercebi-me que, de facto, por mais que me esforçasse, hoje, nesta noite, a musa inspiradora abandonara-me. Nem o som das salsas eróticas, que fluíam do computador, evocando a sensualidade dos sentidos, me despertava a inspiração para o momento sublime da criação: a escrita como um acto pessoal, único e individual, identificador, por excelência, da personalidade do ser criador.
Em contextos, como este, em que o tempo corre e a imaginação esvai-se, em enormes nadas, entrego-me à evidência constatada. Desligo o portátil.
Embrenho-me na magia da noite. Busco, nos sons quentes e sensuais do ritmo latino – americano, o elixir afrodisíaco da alma.
Reaverei a inspiração perdida!

terça-feira, 6 de abril de 2010

Desnudar de Alma

Pacifico-me!
No desejo do que quero, nas certezas das escolhas,
Na noção das dificuldades do percurso!


Pacifico-me!
Na tranquilidade da consciência alcançada,
Na verdade, por fim, desnudada.


Pacifico-me!
Na clareza das acções desvendadas,
No reencontro das ideias desordenadas.


Resgato-me!
Dos meus temores interiores,
Dos monstros imaginados,
Do eu amotinado
E por mim sublevado!


Renasço!
Das memórias arrumadas,
Das emoções suavizadas,
Das cicatrizes fechadas!

Reformulo-me,
Refaço-me,
Reinvento-me,

Na paz alcançada!

sábado, 3 de abril de 2010

Trajectos de Vida

“Sou senhor do meu destino, comandante da minha alma”
Esta frase, aparentemente, tão simples de sentido, encerra em si uma sabedoria infinita, uma verdade incontestável, uma percepção claríssima do papel do ser humano perante a Vida.
Na vivência deste período pascal, a reflexão apoderou-se do espírito, na essência do ser, e os pensamentos brotaram de mim, tal como um rio que, deslizando no seu leito, abre-se em torrentes de água, indiferente aos obstáculos do percurso.
Cada Homem é senhor do seu destino. Os trajectos de vida a percorrer, as opções a escolher, as decisões a tomar ou adiar, são exclusivamente da responsabilidade de cada qual.
É nesse sentido que cada pessoa torna-se responsável pelos percursos de vida que calcorreia.
O destino reside na força de vontade, na certeza do que se quer, na coragem de o obter, nas opções escolhidas perante a diversificação. Essencialmente, o destino é lutar pelo que se acredita, pelo que se almeja na certeza do alcance da paz interior, conseguida pela tranquilidade da consciência conquistada.
Enquanto a responsabilidade do destino reside nas opções de cada um, por isso o ser-se senhor, em relação à alma apenas se pode ser um simples comandante, pois ela não nos pertence.
Assim como o comandante de um navio que tem a enorme responsabilidade de o dirigir de modo a evitar as imprevisibilidades do oceano, com o objectivo de um bom aportar, assim o ser humano tem a obrigação de, sendo senhor do seu destino, velar para que as decisões tomadas contribuam para o dirigir da alma, no oceano da vida, em tempestades e calmarias, mas sempre com o objectivo de atingir um porto de abrigo seguro.
Ser-se comandante, é saber devolver, incólume e seguro, o que lhe foi confiado, sem lhe pertencer.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Invictus

“ Somos senhores do nosso destino, comandantes da nossa alma”

Sem nada que o indiciasse, decidi:”vou ao cinema”.
Muitas vezes, as decisões pensadas, no momento, são as mais gratificantes!
Em diálogo interior, já decidira que não perderia a exibição de “Invictus”.
O tema tratado no filme, porque verídico, aliciava a minha vontade e despertou a decisão tomada. Sabia que as críticas eram positivas, mas quis decidir por mim própria.
Apetrechada com as habituais pipocas, sentei-me. As luzes já se tinham apagado e as primeiras imagens projectavam-se no ecrã (consequência imediata de decisões tomadas à última hora). Antes de me desligar do mundo exterior, ainda me apercebi que a sala estava quase vazia. Cerca de meia dúzia de pessoas espalhavam-se pelos imensos lugares vagos.
Entreguei-me ao enredo, vivi as emoções que surgiam, naturalmente, da trama, como se fora uma das suas personagens.
Ali, no escuro da sala, esqueci-me de onde estava, o corpo permaneceu, mas o espírito, o pensamento evadiram-se do espaço físico.
De repente já não era eu, via-me, no ecrã, vivendo os vários momentos da acção, como testemunha silenciosa dos acontecimentos históricos que alteraram, para sempre, o rumo de um país que acabara de “nascer”.
Só um grande homem, senhor de uma grande inteligência, associada a uma bondade e sensibilidade extremas, conseguiria ter arquitectado, executado e convencido os seus colaboradores, mais próximos, da importância do seu plano para a união de um povo, que se encontrava completamente desunido, por motivos raciais.
Mandela é um grande senhor, mas acima de tudo um grande ser humano pois, com a sua história de vida, mostrou ao mundo que os sonhos devem ser perseguidos até ao fim, sem haver lugar para desistências, que o amor é o sentimento mais forte de todos, tudo possibilita!
Mandela, preso 27 anos, por motivos políticos, numa cadeia onde as condições de vida eram inóspitas, nunca desistiu de si, do seu sonho, do seu povo. Nos momentos de maior fraqueza escrevia, reflectia, lia.
A frase proferida durante o longo tempo que esteve preso “Somos senhores do nosso destino, comandantes da nossa alma” define bem o Homem em que se tornou, o estadista que foi, o ser humano simples, humilde, mas de uma grande força de vontade e convicção nos seus ideais que, apenas, se tornou no primeiro presidente negro da África do Sul!
“Somos senhores do nosso destino, comandantes da nossa alma”, frase chave que encerra em si toda a personalidade de um ser humano e a ideia principal do filme!
As luzes acenderam-se, continuei sentada, saboreando a música final, enquanto o meu pensamento, o meu espírito regressavam ao espaço físico que deixaram no início.
Saio e, na memória, retenho a frase emblemática, que congrega em si toda a ideologia e filosofia do filme:“Somos senhores do nosso destino, comandantes da nossa alma”!
Que lição de vida,que coragem, que clareza de ideias!
O pacote das pipocas continuava quase cheio!