Translate

sábado, 31 de julho de 2010

Poder

Poder dormir
Poder morar
Poder sair
Poder chegar
Poder viver
Bem devagar
E depois de partir poder voltar
E dizer: este aqui é o meu lugar
E poder assistir ao entardecer
E saber que vai ver o sol raiar
E ter amor e dar amor
E receber amor até não poder mais
E sem querer nenhum poder
Poder viver feliz, para se morrer em paz

Vinicius de Moraes
in Poesia completa e prosa: "Cancioneiro
"

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Tempestades...

LEMBRA-TE:
A vida é algo surpreendente. Quando menos se espera ela desafia e põe à prova a força do carácter e a solidez da matéria que molda cada ser.
É nos momentos mais conturbados e problemáticos da existência que o Homem se revela, se mostra, e se reencontra com o mais íntimo de si próprio numa viagem às profundezas do seu ser, descobrindo forças e fraquezas que o impelem à acção.
É nos momentos de maior vulnerabilidade e nas soluções arquitectadas para os ultrapassar que o ser se engrandece e enaltece, por isso tão necessários para o crescimento e a formação integral do indivíduo.
As tempestades da vida assemelham-se às tempestades do mar. Tal como, lá longe, perdido no meio do nada, por entre a solidão da Natureza, o frágil farol resiste à fúria enraivecida das ondas do mar, qual cenário dantesco, também, aqui, o ser frágil aguenta as intempéries da vida, mostrando a solidez da estrutura em que se ergue.
Ambos tão frágeis, perante o espectáculo sublime da força possante da Vida, mas ao mesmo tempo tão fortes e resistentes.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Entre o ser e o parecer

Não basta ser, é preciso parecer”.
Quase seis anos após o início de um processo, que ficará para sempre conhecido como o “ Processo Freeport”, chega ao fim a investigação levada a cabo pelo DCIAP.
“O processo Freeport teve na sua origem suspeitas de corrupção e tráfico de influências na alteração à Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo e licenciamento do espaço comercial em Alcochete quando era ministro do Ambiente José Sócrates, actual primeiro-ministro.” (in Público)
Com o fim da investigação e o apurar da verdade, as suspeitas iniciais que envolviam o nome do actual 1º Ministro, Engenheiro José Sócrates, quando ocupava a pasta do Ambiente, dissipam-se e este, finalmente, vê o seu nome “limpo” das culpas que lhe eram atribuídas.
Esta poderia e deveria ser a conclusão a que qualquer pessoa chegaria quando leu a notícia ou ouviu a intervenção ao país do, directamente, interessado no caso.
Entre o dever e o ser existe uma grande diferença. A diferença entre as conclusões apresentadas como produto final da investigação e a convicção na veracidade das mesmas para a opinião pública.
E, em termos de opinião pública, basta ler os comentários on-line da notícia publicada pelos vários jornais nacionais para se perceber quão esclarecida esta ficou no encerrar do processo.
Uma decisão baseada na verdade não pode, porque factual e contra factos não há argumentos, deixar que a dúvida fique a pairar.
A História encarregar-se-á de apurar a verdade dos factos que envolveram este processo.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Bailado da noite

Sem querer parecer repetitiva, eis que, mal acabara de publicar o assunto do post anterior, se levantou uma brisa suave que aos poucos se transformou num vento agitado, morno, cortando o calor sufocante que se sentira até há bem pouco tempo, quase parecendo que o dia ouvira o que acabara de escrever sobre a sua performance e resolvera redimir-se dos desaires provocados pela intensidade da temperatura com que nos presenteou.
De um momento para o outro, sem que nada o previsse, a brisa fez-se sentir, acompanhada do seu amigo vento. Juntos abraçaram-se e, no bailado da noite, rodopiaram em passos e contrapassos agitando, com o ar que movimentavam à sua passagem, tudo o que os rodeasse. Soltos, improvisavam coreografias a dois, deslizando pelo palco do ar para deleite de todos os que sentiam a sua presença.
Deliciadas, pela frescura com que, lá fora, os dançarinos presenteavam a noite, as pessoas puderam, enfim, adormecer tranquilamente, enquanto a brisa e o vento, inspirados pela música que os seus próprios passos orquestravam, entregavam-se nos braços um do outro numa dança que se prolongou pela madrugada.
Embalada pelas carícias suaves da brisa que entrava pela janela e me refrescava o corpo, adormeci, rendendo-me ao bailado natural que vislumbrava na noite escura com cheiro a madeira queimada.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Coimbra merece!

Ainda mal despontavam os primeiros raios de sol e o dia já se anunciava abrasador. Com temperaturas superiores a 40 graus e sem a presença da mais pequena brisa, que pudesse, de algum modo, suavizar o calor sufocante, a descoberta de espaços refrescantes, tornou-se uma missão quase impossível. Nem a penumbra forçada das casas impediu o aquecimento dos ambientes interiores.
E é em momentos destes que, mesmo sem se querer, sentimo-nos a ser invadidos por uma inveja (zinha) da piscina maravilhosa (com temperaturas destas todos os adjectivos são poucos para descrever locais que permitam dar um mergulho e refrescar o corpo) que vemos ali, mesmo à nossa frente, na vivenda fronteiriça.
Como não possuímos piscina, restou-nos uma boa chuveirada de água fria na banheira(transformada, momentaneamente, em piscina, graças ao poder imaginativo e à força da mente).
Coimbra necesssita de um complexo municipal ao ar livre que contemple uma zona ampla de lazer com várias piscinas e que possa substituir as antigas piscinas municipais que se situavam entre o antigo parque de campismo da cidade e o estádio da Académica.
A cidade e os seus habitantes merecem um espaço de lazer condigno dentro deste âmbito e com esta ambivalência!
Haja espírito de iniciativa e vontade política(digo eu).

sábado, 24 de julho de 2010

Dever de Sonhar

"Eu tenho uma espécie de dever, dever de sonhar, de sonhar sempre, pois, sendo mais do que um espectáculo de mim mesmo, eu tenho que ter o melhor espectáculo que posso. E, assim, me construo a ouro e sedas, em salas supostas, invento palco, cenário para viver o meu sonho entre luzes brandas e músicas invisíveis."


in "Livro do Desassosego", Fernando Pessoa

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Cheiro de uma noite de Verão

A todos vós, que por aqui passais, deixo-vos estas perguntas: Acaso já se aperceberam do cheiro que tem uma noite de Verão? Alguma vez já sentiram a intensidade do aroma que se desprende da serena magia de uma amena noite de Verão?
Se nunca sentiram o encanto inebriante daquele cheiro, mistura de terra e plantas, estrelas e luar, mar e areia, serras e casarios, ruídos silenciosos, intemporais (como se o tempo parasse para não perturbar o descanso da Natureza) que se mistura na brisa suave e se espalha por entre a noite; se nunca sentiram o êxtase de uma noite de Verão, é-vos difícil compreender a linguagem mais universal de todas: a linguagem da Natureza, dos elementos simples, a linguagem que não se traduz em palavras, pela impossibilidade de expressarem as sensações só sentidas quando se abre o espírito à humildade perante os mais pequenos elementos, insignificantes aos olhares desatentos com que os vislumbramos.
Se nunca sentiram esta magia que paira no ar e contagia emoções e sensações, então, a todos vós que me lerdes, numa próxima noite, deixem-se enfeitiçar pela beleza singela que encerra uma noite de Verão e descobrirão, dentro de vós, a serenidade e a tranquilidade que vos fará relaxar e encarar a vida de outras perspectivas. Verão que a experiência vos transportará a estádios de plenitude suprema em que sentirão o regenerar interior numa comunhão de sentires, só possível pelo cheiro único que brota das cálidas ou frescas noites de Verão!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Fim de dia

Naquela altura do dia em que o Sol, cansado de tanto brilhar, inicia a sua despedida para ceder o lugar à noite, não resisti à beleza singela, com que enfeitou a paisagem, e decidi captar o momento, aprisionando-o na memória de uma fotografia.
Gosto desta foto.
Gosto do efeito de áurea provocado pelos raios solares.
Gosto dos tons quentes e das cores fortes; gosto do amarelo alaranjado e do laranja amarelado que sobressaem por entre as restantes cores: inspiram sensações de plenitude, alegram, fazem vontade de viver.
Gosto do clarão irradiado por entre as árvores e projectado em múltiplos raios de luz.
Nas árvores, o verde das folhagens ilumina-se antes que o silêncio da noite invada o espaço. E os pássaros, pressentindo a partida do astro-rei, despedem-se em trinados melodiosos, num bailado da Natureza.
Sim, gosto desta foto, simplesmente porque gosto!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Fénix

Surgiste…

Foste plano não traçado, ideia não pensada, sonho não sonhado.
Aconteceste por entre tempestades e naufrágios.
Surgiste de entre o nada e resgataste pedaços desfeitos pela fúria da vida.
Transformaste o desalento em ânimo, a desistência em esperança, a fraqueza em força.
Ensinaste a importância do re…
Juntos, abrimo-nos em silêncio para o mundo,
Partilhámos segredos, sussurrámos afectos, perdemo-nos ao encontrarmo-nos.
Em horas encantadas, soltámo-nos no tempo, cansámo-lo, adormeceu.
E no seu sono, de um tempo parado, esquecido, de horas fugazes,
Partilhámos ideias em palavras não esgotadas, renovadas, saboreadas.
Surpreendemo-nos com a descoberta da plenitude,

Reinventámo-nos!

terça-feira, 20 de julho de 2010

Por entre rissóis e pataniscas...

Com a chegada do Verão e a perspectiva das idas à praia, os ginásios enchem-se de pessoas determinadas em conseguirem obter a forma física perfeita associada a um corpo escultural, livre de acumulações inestéticas. Pretendem obter, num curto espaço de tempo, o que durante o resto do ano se esqueceram de investir. Não há milagres que proporcionem, em tão pouco tempo, adquirir a forma física perfeita. Esta resulta de um treino constante, adequado e sistemático.
Como em tudo na vida, para se conseguir alcançar o pretendido, é necessário investimento e esforço. Pouco ou quase nada se obtém sem persistência e determinação. Muitas vezes, o cansaço, aliado à demora na obtenção de resultados visíveis, pode conduzir ao desânimo e consequentemente à desistência. Neste caso só mesmo uma grande força de vontade e muita paciência para ultrapassar o problema. Mas tudo se consegue, mesmo que nos momentos mais críticos não se resista a umas deliciosas pataniscas de bacalhau ou a uns saborosos rissóis de leitão, tais pecados gustativos: meros acidentes de percurso que ajudam a dar sabor ao objectivo inicial.
Viva o Verão!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

"Pelo sonho é que vamos"

Um destes dias, por mero acaso, soube de algo que, apesar de não me surpreender, vindo de quem veio,conseguiu causar-me um certo aborrecimento.
O quanto alguém nos magoa depende do quanto esse alguém nos diz. Mas, independentemente de dizer muito ou pouco, a sensação que paira e invade o nosso ser, quando sabemos que determinado acto, atitude ou palavra são movidos por sentimentos vis, é de um enorme desconforto que, numa primeira reacção, gera sentimentos menos bons (somos humanos).
Depois de um certo compasso de espera (propositado), necessário para que a razão se sobreponha à emoção, o espírito abre-se à reflexão e compreende-se que há determinadas pessoas com as quais, por mais que se tente, nunca se conseguirá hastear a bandeira branca, porque a guerra que travam é interior e o inimigo são os seus próprios fantasmas que povoam o inconsciente.
Nestas situações, a sabedoria aconselha o silêncio das palavras como a resposta mais sensata e inteligente. E de seguida, continuar a caminhada na linha orientadora que sempre norteou os projectos sonhados e realizados.
“Deus quer, o homem sonha e a obra nasce”, escrevia o poeta.
Para certas pessoas as asas do sonho nunca se abrem, concluo eu!

domingo, 18 de julho de 2010

Uma verdade

Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”.

Antoine de Saint-Exupery

sexta-feira, 16 de julho de 2010

As histórias da História

Coincidência ou não, os dois últimos livros que li abordavam as origens de Cristóvão Colombo e toda a problemática relacionada com a descoberta das Antilhas. Em ambos os casos, os autores basearam-se em documentos históricos verosímeis e actuais.
Durante anos aprendi e ensinei que Cristóvão Colombo teria ido oferecer os seus préstimos aos reis católicos, nossos “arqui-inimigos” na demanda da Índia, navegando para Ocidente, como despeito pela recusa que a mesma oferta teria tido, quando apresentada a El-Rei D. João II.
À luz das últimas investigações históricas, sabe-se, hoje, que esse período da História de Portugal, contado e recontado, durante muitas gerações da mesma maneira carece de veracidade.
Na realidade, tudo indicia que a ida de Cristóvão Colombo para Castela e a sua disponibilidade face ao reino vizinho não terá passado de um plano, muito bem arquitectado, uma armadilha, cuidadosamente planeada, uma estratégia evasiva, inteligentemente montada, pelo monarca português, não só para desviar as atenções dos castelhanos, do que realmente lhe interessava, mas também para garantir que os seus desígnios, como representante dos interesses de uma Nação, se concretizariam: a navegação, o domínio e o monopólio no Atlântico Sul como ponte para a Índia.
Mais do que uma História factual fascina-me a História “motivacional”. Mais do que relatar os feitos, atraem-me as razões subjacentes às acções, o lado humano dos estadistas que influenciaram e determinaram o rumo dos acontecimentos na construção de um presente/ passado que é nosso.
O fascínio da História está nas histórias que ela esconde!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

"Aquela Imagem"

Se fizeram deste meu espaço um vosso espaço de passagem e paragem, já devem ter-se apercebido que, de vez em quando, altero as cores e a imagem de fundo.
Na verdade, o fundo do blog tem vindo a sofrer, ultimamente, modificações que não são mais do que o resultado de tentativas cujo objectivo único é o encontrar, para determinados momentos do quotidiano, "aquela imagem" que, em complementaridade com as palavras escritas, espelhe um outro lado de mim, num desnudar do pensamento e da alma.
Até um próximo fundo!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

"Os Palhaços de Deus"

“ Os Palhaços de Deus”, de Morris West, foi um dos livros lidos há muitos anos atrás quando, ainda, andava na faculdade.
Nessa altura, não apreendi bem a ideia que o título pretendia transmitir, contudo pareceu-me encerrar em si bastante ironia.
Desde então, alguns anos já se passaram e o tempo encarregou-se de esbater, na memória, os pormenores da narrativa, preservando, apenas, a ideia geral que permaneceu.
Apesar dos pormenores se terem diluído pela patine do tempo, as sensações provocadas pelo enredo ficaram, para sempre, gravadas na memória pessoal dos afectos literários.
“Os Palhaços de Deus” ,“As Sandálias do Pescador” e “ O Milagre de Lázaro” constituem uma trilogia papal na qual o autor retratou bem a vida interna do Vaticano e a problemática da religião.
Não sendo o mais conhecido, pessoalmente é o meu preferido.
“Os Palhaços de Deus”, uma sugestão de (re)leitura para as férias.

terça-feira, 13 de julho de 2010

"Ler é nada"

Estas férias decidi, entre outras coisas, deliciar-me com o prazer de "ter um livro para ler" e ler. Um livro, vários livros, os livros que saciem a sede da leitura adiada.
Ler ao ritmo de um tempo sem tempo, ler pelo prazer de ler na "descoberta" de outros mundos a conhecer.
Nestas férias farei do livro uma companhia num cúmplice silêncio a dois.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Ver ou Viver

Sentada em frente ao ecrã, enquanto reflectia sobre o que escrever (há alturas em que por mais que se tente as palavras, numa cumplicidade irritante com a inspiração, recusam-se a colaborar na vontade do Eu) relembrei uma frase publicitária que vira num cartaz, algures pela cidade: “ Vens ver ou vens viver?”
Para além de ser uma frase bem estruturada, em termos de marketing e plenamente conseguida, para o efeito publicitário desejado, também transmite uma lição de vida e uma sabedoria extraordinária.
Já há muito que uma certeza me invadiu o querer: A decisão de poder afirmar, no final do percurso da viagem, que iniciei há muitos anos atrás, de que não me limitei a “vir ver”, mas sim a “ vir viver” a Vida que fiz minha.

domingo, 11 de julho de 2010

Fácil e Difícil


"É fácil trocar as palavras,
Difícil é interpretar os silêncios!
É fácil caminhar lado a lado,
Difícil é saber como se encontrar!
É fácil beijar o rosto,
Difícil é chegar ao coração!
É fácil apertar as mãos,
Difícil é reter o calor!
É fácil sentir o amor,
Difícil é conter sua torrente!





Como é por dentro outra pessoa?
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo."

Fernando Pessoa

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Uma outra visão

E porque a merecida pausa, na actividade profissional, aproxima-se rapidamente, é tempo de reordenar, reorganizar, (re) arrumar uma série de assuntos pendentes, adiados, aparentemente, esquecidos que este período possibilita, dada a disponibilidade temporal que o caracteriza.
Férias nem sempre será sinónimo de novos locais, espaços diferentes, ambientes desconhecidos, paisagens exuberantes.
Ir de férias também pode significar a diversificação dos momentos do quotidiano, de modo a quebrar as rotinas diárias do resto do ano; a busca de uma pausa regeneradora, a possibilidade de reencontro interior, e algumas vezes, a reestruturação do modo de vida, sem se sair do refúgio pessoal do resto do ano.
Ir de férias é, acima de tudo, perder-nos e reencontrar-nos num tempo sem horas; é deixar-nos ser invadidos por sensações de plenitude; é sentir a alma crescer em estados de espírito que conduzam à pacificação e bem-estar interior!
Este ano, ir de férias será, certamente, um espaço temporal muito preciso,numa aventura única e plena de expectativas que se pretendem concretizadas.
Para todos vós, o desejo de umas óptimas férias!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Constatações

Terminada uma curta e intensa acção de dois dias e meio, num espaço cujas características físicas não foram as mais adequadas para o efeito, face às elevadíssimas temperaturas que se fizeram sentir, reflicto sobre o trabalho desenvolvido e a sua utilidade em termos profissionais.
A noção de que, em quase duas décadas, o conhecimento humano, com as descobertas que o mesmo permitiu, evoluiu numa progressão quase geométrica, é um facto incontestável; a dificuldade em gerir o manancial de informação e de materiais colocado ao dispor de cada um é notória, a atracção dos mais jovens pela utilização destes novos recursos é, sobejamente, conhecida.
Não obstante estas constatações uma certeza inequívoca : a imprescindibilidade do ser humano em todo este processo.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Ser-se livre?

A liberdade, é um conceito, associado a ideologias político - filosóficas, pelo qual os Homens fazem revoluções, agitam massas, alteram percursos de vida, reconstroem a História, alteram o rumo e influenciam o futuro, quando, no presente, lutam pela sua instauração ou manutenção.
A liberdade, esse ilusório conceito, não passa disso mesmo, pois nenhum ser é nem consegue alcançar, na plenitude, a liberdade total. Há sempre "amarras" que prendem os movimentos, impedem as acções e alteram-nas em prol de valores que se sobrepõem.
Um ser para se sentir e afirmar completamente livre necessitaria de viver só, isolado de tudo e de todos e ser autónomo.
Num contexto deste género, a liberdade ganharia contornos bem definidos e aproximar-se-ia da idealização que os povos ocidentais construíram acerca dos primeiros indígenas com que contactaram no Novo Mundo, disseminando a ideia do bom selvagem, aquele que vivia sem regras, "sem lei nem grei", num estado o mais aproximado possível da Natureza, quase em comunhão de sentires e pertença.
Ideia falsa, como mais tarde se veio a comprovar.
Afirmo que a liberdade não passa de uma utopia na mente do Homem. O que existe são momentos em que as pessoas se sentem menos direccionadas, influenciadas, coagidas, levadas a fazer e tomar opções, numa encenação em mise, impelidas a acreditar que a sua decisão é inteiramente da sua responsabilidade.
Porque o ser humano carrega consigo a sede do poder, e cada vez mais revela enorme dificuldade na comunicação, devido ao ruído que, frequentemente, se instala, a consciência de que a liberdade começa a não ser mais do que uma ilusão vai ganhando força na grande massa social deste país.
Tempos conturbados avizinham-se, em que a luta pela sobrevivência começa a marcar, negativamente e veementemente, as relações de trabalho que se estabelecem entre pares.
A competitividade aumenta, a solidariedade diminui e a liberdade recua!

terça-feira, 6 de julho de 2010

Fim de tarde

Uma aragem morna, que se sente no final de tarde, corta e suaviza a canícula sufocante do início de Julho. É uma aragem apaziguadora das temperaturas infernais que se fizeram sentir.
Recosto-me, saboreando o ar que penetra pela janela entreaberta enquanto, lá fora, no alpendre fronteiriço, os ramos verdejantes, de uma ameixoeira, enfeitada de roxos frutos, parecem balouçar ao sabor da música ambiente que invade o espaço e solta-se na brisa em claves de Sol poente.
Absorta nos meus pensamentos, revivo o dia em flashes de memória: gestos, palavras, acções, emoções que transbordam e galvanizam-se em torrente avassaladora: nas antípodas do dia sempre o calor como elemento constante e catalisador de sensações: na Natureza e nos sentires.
Soltam-se emoções reprimidas em hipérboles de afectos, tempestades que antecedem a bonança.
Recostada, acompanho a despedida do dia, na partida da claridade que se começa a intensificar.
Solto o pensamento e vagueio nas memórias de mim numa viagem solitária.
Lá fora, o ritmo da Natureza segue o seu curso.
Deixo-me invadir pela serenidade envolvente da paisagem; saboreio a paz que este final de tarde tranquilo me proporciona e recordo…

sábado, 3 de julho de 2010

Dualidades de mim

Sou como um rio de águas calmas na imensidão da foz; sou a serenidade pressentida na melancolia de um crepúsculo. Sou águas revoltas e turvas agitadas pela tempestade. Sou vendavais e torrentes em dias invernosos!
Sou a dualidade na unicidade!
Sou passado e presente com a certeza de um futuro.
Sou caminhos percorridos, algumas vezes tropeçados; sou itinerários não sabidos, pressentidos, em trajectos a desbravar.
Eu sou o todo e sou as partes!
Sou mistérios por desvendar, enigmas por descobrir; sou as arestas e as faces de um prisma irregular, os vértices pontiagudos de partida ou de chegada! Sou a dúvida e a certeza no caleidoscópio da vida. Sou emoção e sou razão; sou sonho e realidade.
Sou o barro trabalhado, mas com imperfeições moldado. Eu sou o Eu que se reconstrói numa tarefa inacabada!
Eu sou energia concentrada em matéria criada.
Eu sou Luz!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

A saga continua: Cumpra-se Portugal

Confrontei-me com a seguinte realidade: Tendo eu necessitado dos serviços camarários para obter duas fotocópias de uma planta de um prédio urbano, estes aprimorados serviços tiveram o desplante de me pedirem a módica quantida de 60 euros pelas ditas duas folhinhas de uma fotocopiadora que em qualquer lado custam cerca de 20 cêntimos, e como se não bastasse este " ir ao bolso" de um contribuinte, com o seu IMI em dia, ainda previram um prazo de entrega de 30 a 45 dias para o respectivo levantamento.
Digam lá se isto não é um roubo declarado e uma espera digna da desorganização de um país com " planos tecnológicos", " energias alternativas", "modernização da função pública" e " pretensões a transportes de alta velocidade", quando afinal não passamos de um país com a morosidade,"roubalheira" e desorganização de um qualquer país de terceiro mundo?
Ricas fotocópias!
Nota: A justificação para tão elevado preço prende-se com o facto de alguns munícipes pedirem fotocópias e não fazerem o respectivo levantamento, mas para colmatar tal situação, a Câmara deveria impôr uma caução e não pagar o justo pelo pecador!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Cumpra-se Portugal

Muitos dos assuntos abordados neste blog baseiam-se em episódios do quotidiano que me fazem reflectir, dissertar sobre eles.
E hoje, de novo, não fujo à regra. Aproveitando uma situação caricata e insólita, eis-me a reflectir sobre o meu querido Portugal, as suas gentes e o futuro que se pretende.
A nossa entrada no espaço europeu abriu-nos de vez as portas à globalização, à mundialização da economia: a assinatura do tratado de Schengen e dos acordos de Xangai e de Pequim permitiram a circulação de bens e pessoas e a abertura dos mercados a produtos estrangeiros, numa notória perda para a economia nacional, cujo exemplo mais marcante é o encerramento de grande parte do sector têxtil, a Norte, e o aumento crescente do desemprego. A crise que se instalou, em quase todo o mundo, só veio agravar os problemas internos com que o país se debate.
Num contexto deste urge, e se queremos continuar a fazer-nos ouvir, modernizarmo-nos de modo a discutirmos de igual para igual com os nossos parceiros europeus e não sermos de vez ultrapassados. É impensável continuarmos a utilizar os mesmos métodos antiquíssimos de trabalho, numa quase escravidão, esquecendo os direitos basilares de quem trabalha.
A crise não pode servir de trampolim para “engordar” empresários gananciosos, de vistas curtas e mentalidades estrábicas que esmagam, sem qualquer problema de consciência, os valores que deveriam pautar as relações humanas: respeito, integridade, hombridade, verticalidade, veracidade.
Em pleno século XXI assiste-se a uma outra forma de escravatura, cujos alicerces fundeiam-se no excesso de procura em detrimento da parca oferta. Valendo-se disso, alguns pequenos (em todos os sentidos) donos de empresas abusam da mão-de-obra, quase escrava, que excede as necessidades existentes.
Estes senhorecos, de mentalidade pequenina e visão empalada, não entendem que a concorrência, na prestação de serviços, permite a livre escolha, opções diferentes por parte do cliente e que facilmente poderão ficar para trás, perdendo assim a ilusória sensação de segurança.
Hoje revoltou-me ver 2 jovens empregados a terem de transportar, em peso de braços, dois electrodomésticos de grande porte, porque o dono da empresa para quem trabalham, numa total falta de respeito, civismo e olhar empreendedor, considera desnecessário o investimento na sua empresa, e a compra de acessórios facilitadores para a função a que a mesma se destina.
Com um gesto simples, a compra de carrinhos transportadores de mercadorias (em 40 veículos da firma, destinados a entrega, apenas 14 possuem esse acessório) rentabilizava o tempo, aumentava o Q.E dos seus funcionários, modernizava a empresa, vendia uma imagem simpática ao cliente, apostava no futuro!
Se queremos que Portugal se cumpra, é urgente alterar mentalidades!