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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Breves segundos

Último dia do ano!
O limite entre o que terminou e o que está prestes a iniciar-se, entre o conhecido, sobejamente sabido e a esperança que se renova na incógnita do amanhã, no ainda tanto para se viver.
No entanto, no momento exacto em que se iniciar a contagem decrescente que findará com ano velho e receberá o novo ano, decorrerão apenas uns segundos, uns breves segundos na sucessão da contagem do tempo. Uns segundos que parecem influenciar a vida de cada um de nós, um pouco por esse mundo fora.
Como se nesses derradeiros segundos a consciência das decisões irremediavelmente adiadas, das decisões irremediavelmente tomadas, ecoasse no silêncio de cada ser. Também os sonhos, alguns tornados quimeras de tanto sonhados, mas nunca concretizados.
Nesses segundos mágicos, ao som de cada uma das doze badaladas, marteladas pelo relógio do tempo, caberão as lembranças de todos os que foram importantes, de todos os que me marcaram, de todos os que significaram, neste ou naquele momento da vida.
Para eles e para todos os que me lerem, o desejo de um Bom 2013!
 
 
 

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Natal


Natal! Quantos sinónimos brotam de Ti? Nascimento, Renovação, Recomeço, Esperança.
O verdadeiro Natal não é o dos presentes distribuídos sob o fascínio de uma reluzente árvore a lembrar a ancestralidade do homem enraizada em práticas pagãs que se foram diluindo na cultura de séculos e séculos de história.
O genuíno Natal não é o do fascínio dos embrulhos coloridos arrumados sob a copa de uma árvore resplandecente, repleta de luzinhas intermitentes numa explosão de cores, nem o do frenesim do desembrulhar das prendas que se trocam num ritual por vezes esvaziado de sentido.
O puro Natal também não é o do conforto de um espaço aquecido pelo calor de uma lareira com aromas apetitosos a pairarem no ar e a abrirem o apetite para a ceia que se avizinha.
Não, este não é o verdadeiro Natal, aquele que a vinda do Menino veio anunciar.  
O espírito do verdadeiro Natal contempla-se em gestos simples, por vezes esquecidos nas rotinas difíceis de uma vida apressada, dificultada e que por isso não vê os que também não a têm facilitada e se encontram em situações bem mais dramáticas que a nossa.
O Natal, com o verdadeiro espírito que Ele veio anunciar, terá de partir de uma reflexão interior para que se O vivencie em cada dia que se acorda, conscientes que somos seres em constante construção e por isso sujeitos a falhas: nós e cada um dos nossos irmãos.
Façamos com que a semente, que o nascimento do Menino plantou, germine nos nossos corações, nos nossos gestos, nas nossas atitudes, nas nossas acções, nos nossos pensamentos, no olhar com que analisamos o outro e se mature no íntimo de cada um de nós. Por ela, sejamos a centelha de Luz que ajuda a iluminar o caminho de todos os que desistiram, esqueceram, desalentaram-se da vida e adormeceram os seus corações empedernidos pelas agruras da existência.
Que o espírito do verdadeiro Natal nos envolva e, por ele, compreendamos e pratiquemos a mensagem de paz, amor, perdão connosco e com cada um dos nossos irmãos. Depois, façamos então a festa sem distinção de cores, credos, ideias, destituída de preconceitos e mágoas.
Um Feliz e Santo Natal para cada um de vós.

 

 

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Outrora


Há pouco, numa nesga de tempo, entre as inúmeras rotinas domésticas, dei um pulito ao café e, enquanto aguardava pelo pão quente que sairia do forno, entretive-me a ver TV. Na RTP 1, passava o Natal dos Hospitais.
Quando eu era pequena, este dia era ansiosamente esperado, antecipadamente saboreado pelo prenúncio da aproximação do Natal, pela certeza de uma tarde bem passada com o entretenimento dos artistas mais acarinhados do público.
Nesse dia, a criançada esquecia-se do bulício das brincadeiras e aquietava-se em frente ao ecrã da televisão a ver desfilar cantores, actores, cómicos, apresentadores envoltos no glamour próprio do mundo dos artistas.
O Natal dos Hospitais atravessou várias gerações na importância que significou.
Hoje, quase se dilui na imensa e apelativa programação oferecida pelas várias estações televisivas da concorrência e já não cativa nem crianças nem adultos. Perdeu a importância que outrora tivera.
Como tudo na vida, a relevância de um dado facto, substância ou ente, é relativa e depende da conjugação de vários factores.  
O passado, quando se veste de presente, jamais se delineará com os contornos de antes.
É uma das certezas da vida.

 

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Uma aula diferente



Hoje, aprendi um pouco mais sobre cidadania: responsável, participativa, colaborante e ativa, conjuntamente com os meus alunos.
Aceitando o repto lançado pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, abracei o projecto “O Ces vai à Escola” e inscrevi a minha turma na actividade “Orçamento Participativo”.
A curiosidade, a expectativa e a ansiedade eram muitas.
Curiosidade em perceber como um tema, aparentemente tão árido e desmotivador, se poderia tornar atraente e apelativo para alunos do 6º ano de escolaridade; expectativa em poder verificar, in loco, a reacção dos alunos a uma estratégia diferente e aliciante de ensino-aprendizagem; ansiedade por, ao fim de tantos anos, poder dar o meu contributo para a divulgação, em contexto de sala de aula e de uma forma lúdica, o âmbito das Ciências Sociais e Humanas.
Foram 90 minutos que se esfumaram: motivantes, intensos, participados, cooperados.
A turma correspondeu totalmente ao desafio proposto e, a brincar, aprendeu uma lição de Democracia, de Re(s)pública.
Eu terei ajudado a plantar uma semente que, de algum modo, frutificará num amanhã.

 

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Ausência


Muito, muito de fugida, empurrada pela pressa, dou um salto ao blog. Reparo na data do meu último texto e apercebo-me de que há já uns dias que não passava por aqui.
Quase sempre esta ausência é prenúncio de falta de tempo, de avalanche de trabalho que determinados momentos específicos do ano impõem.
Mesmo condicionada pelos afazeres, enregelada pelo frio que voltou e cansada de um dia compridíssimo, não resisti à tentadora provocação de dar aqui um pulito e cinzelar a minha fugaz presença nas palavras que escrevi.




quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Em jeito de brincadeira


Não tenho por norma postar, neste meu espaço, textos que não sejam da minha autoria.
No entanto, como a excepção confirma a regra, hoje, decidi colocar um texto pensado, trabalhado e concretizado por três jovens do 9º ano.
O texto resultou da proposta lançada pela professora de Português – imaginarem uma cena passada no presente, semelhante às estudadas no “Auto da Barca do Inferno” de Gil Vicente, com duas personagens sobejamente conhecidas de todos.
 Partilho-o porque o manuscrito, para além de bem redigido, denota um sentido crítico, cheio de humor e sátira.
Ligeiramente extenso, não deixa de ser uma leitura deliciosa, sorridente e bem-disposta.

 “ (Chega o Dr. Relvas que, exibindo o seu diploma da Lusófona, se dirige, de imediato, à Barca do Inferno)
Diabo: Dr. Relvas, já por aqui?
Relvas: Pois, parece que sim…
Diabo: Foste rápido!
Relvas: Para onde se dirige esta barca?
Diabo: Entrai, entrai que a morada não é falsa!
Relvas: E que sabes tu disso?
Diabo: Não estejas com mais conversas que é este o teu destino.
(Enquanto as duas personagens discutem, surge, inesperadamente, um vulto com a face oculta, transportando, debaixo do braço um Magalhães).
Sócrates: Ó da barca!
Relvas: Ah, és tu, nem te estava a conhecer!
Diabo: Só faltava cá este…
Relvas: Ó meu fiel companheiro, chegaste rápido!
Sócrates: Vim de TGV já que o aeroporto de Beja foi encerrado.
Relvas: Sempre tiveste a mania das grandezas…
Diabo: Chega de conversa fiada, entrai!
Sócrates: No.
Diabo: Yes.
Sócrates: Bem me parecia que te conhecia de algum lado. Por acaso não nos teremos cruzado no exame de Inglês Técnico na Independente?
Diabo: Impossível, ao domingo descanso…
Relvas: Não lhe dês mais conversa, vamos mas é para o paraíso que já lá temos lugar marcado.
(As duas personagens dirigem-se para a Barca do Anjo).
Sócrates: Tu aí, deixai-nos entrar!
Anjo: E por que haveria eu de o fazer?
Sócrates: Somos homens de bem.
Anjo: E pensais tu que endividar o país é um ato de bem?
Sócrates: Eu sempre quis fazer de Portugal um país pobre, (engasgando-se) perdão, mais rico!
Anjo: Neste batel divinal não embarca tirania.
Relvas: Olhai para o que trazemos!
(Relvas e Sócrates exibem um Diploma e um Magalhães).
Anjo: Esses símbolos que trazeis, aqui, não vos servem de nada.
Relvas: Como sabes tu isso, se ainda nem o meu diploma viste?
Anjo: Não vale a pena. No Céu, não se dão equivalências.
Sócrates: Olha lá, Anjo, dá-me um freepass para entrar na tua barca.
Anjo: Não te chegou o Freeport? Ide embora que aqui não tendes lugar!
(Percebendo que não tinham outra opção, os dois dirigem-se para o Batel Infernal. Prestes a embarcarem…)
Sócrates: Ó Relvas, como é que entro melhor: assim, com o pé direito ou assim, com o pé esquerdo?





terça-feira, 27 de novembro de 2012

Subjectividade


Existem certas alturas do ano – lectivo, entenda-se - bastante críticas e condensadas: os finais de período, com os testes para corrigir e a preparação da reunião da direcção de turma para iniciar.
Nestes momentos específicos, o tempo parece variar na razão inversa do volume de trabalho.
Hoje, por entre a correcção de um e outro teste, ia imaginando, sonhando, divagando com uma época em que os professores teriam acesso a máquinas inteligentes que corrigiriam e cotariam, em fracções de segundos, os testes de uma turma inteira.
Ó que deliciosa imagem, acompanhada de um sorriso grato!…
Ainda a evocava e logo se desvaneceu, porque me lembrei das irritantes maquinetas instaladas nas portagens das auto-estradas que substituíram, dispensaram e lançaram para o desemprego mais uns quantos trabalhadores.
Com a necessidade do Estado cortar nas despesas, Vítor Gaspar, o nosso Ministro das Finanças, não desperdiçaria nem perderia a oportunidade de substituir uma parte da massa humana que forma o Ministério da Educação por inúmeras unidades de metal reluzente, cheias de chips, ligações e outras tantas invenções…
Ai que felicidade ter os testes para corrigir!

 

 

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Inacabado


Estava eu aqui tranquila, por entre papéis e computador, saltitando de página em página - qualquer coisa do género “aquecimento para o trabalho” – cheia de vontade de produzir e… perdi-me nos pensamentos.
Com eles, vagueei. Pormenorizei detalhes que me houveram escapado.
 Alcancei o sentido de palavras ditas, algumas sussurradas e tantas outras, apenas, silenciadas.
Escutei os ecos do passado, disfarçados de penetrantes subtilezas.
Percebi, nas lembranças que afloram em sorrisos ternos, a fragilidade de sermos.
Galguei o pensamento, interpretei acções, legendei gestos feitos e desfeitos do que fiz ou deixei por fazer.
Sempre que me perco nos pensamentos, agitam-se águas ora calmas ora tempestuosas que me conduzem, inevitavelmente, ao ancoradouro de onde parti: o presente.




quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Momentos


Hoje, talvez por causa do dia frio, cortado por um vento encharcado, lembrei-me de outros dias semelhantes, quando ainda andava na faculdade e, durante a semana, ficava em casa da minha avó em Lisboa.
Como era bom, nessa altura, quando saía das aulas, já noite escura, enregelada e molhada, saber que, à minha espera, teria a minha avó, com a sua imensa ternura e uns miminhos que só ela sabia dar, por isso de gosto único e inconfundível.
Sim, era uma doçura chegar a casa, de Inverno feito e, na penumbra do dia, eu e ela, aquecermo-nos com uma boa chávena de chá a fumegar e deliciarmo-nos com umas apetitosas torradas a escorrerem manteiga que preparara para nós.
A sua presença transmitia-me uma segurança, uma tranquilidade, um conforto que só mais tarde percebi, quando o efeito da dormência da sua ausência, aos poucos, foi desaparecendo.
Era bom enroscar-me no carinho e nos mimos da minha avó.
Foi bom esse tempo repleto de amor, compreensão e muita abnegação.  
Sim, hoje, este dia cinzento, varrido pela chuva ininterrupta e enfriado pelo vento que se soltou das vertentes da serra e desceu até à cidade, trouxe-me a sua memória.
Lembrando esses tempos, eternizados porque repetidos, enrosquei-me nos meus filhos, partilhei momentos nossos: o chá foi substituído pelo leite, mas as torradas quentinhas a escorrerem manteiga e o sabor genuíno do momento perduraram.
Um dia, também eles repetirão, com quem ainda não é, histórias, vivências, gestos, afectos, quereres e sentires.
Um dia, também eles se enroscarão em quem sendo, ainda não é, e lembrar-se-ão destes momentos, imortalizando-os.
É a vida a acontecer!




quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Fim de noite


Mais uma noite que desponta: serena, tranquila, pacífica.
Finalmente, abraço aquele momento do dia que é só meu. Saboreio-o sem pressa, prolongando a sensação de bem-estar que busco nele.
Sempre fui uma noctívaga.
Agora que o dia adormece e me obriga a deitar com ele, é que eu irrompia pela madrugada adentro, inspirando-me na companhia da música, da escrita e dos meus pensamentos.
Deixem-me estar! Não me perturbem! Preciso deste bocadinho de tempo para reflectir, repensar a caminhada do dia que finda e preparar o percurso que se inicia em cada nova alvorada.
Neste momento só meu, cabem todos os sentimentos, todas as lembranças, todos os projectos, alguns, eternamente, projectos e, essencialmente, a voz da razão, maturada pela experiência de vida. É ela que me faz perceber quão ténue ou distante pode ser a fronteira que separa o querer do poder.
Que venha então a noite, que desça sobre mim, me cubra com o seu manto lúcido e aconchegante e me envolva nos seus longos braços, sábios e conselheiros.


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Bizarrices ou talvez não


Hoje, divagarei ao sabor de algumas notícias que retive ao longo do dia. Talvez pelas bizarrices que encerrassem me tenham soado mais forte e as recorde agora.
Logo de manhã, a Antena 1 proclamava, em tom crítico, que nem com Vercauteren o Sporting conseguia quebrar este tsunami de adversidade que parece inundar Alvalade e, por fim vencer um jogo. Nem uma semana como treinador o senhor ainda tem e já queriam milagres? É, no mínimo, surreal.
De seguida, alguém, ligado a uma associação relacionada com os sargentos das Forças Armadas, mostrava a sua indignação pelo facto dos militares deixarem de ter isenção – eu diria antes descontos - nos transportes públicos.
Pergunto: mas por que razão sempre o tiveram? Não são cidadãos como todos os outros?
Portugal é um país estruturalmente débil para tantas mordomias e benesses incompreensíveis.
Entretanto, de madrugada, enquanto dormirmos, os americanos decidem sobre o destino da sua nação com a eleição do Presidente.
O processo eleitoral no “Novo Mundo” diverge do utilizado no nosso país. É caso para dizer “Complicados estes americanos! “
Com o colégio eleitoral ou com o voto directo, os meus sonhos, antevêem uma vitória – suada, renhida - do candidato Obama, ainda mais, agora que o nosso CR7 lhe manifestou, publicamente, o seu apoio!
De divagação em divagação, consigo imaginar o ar estupefacto com que terão ficado os larápios que roubaram uma carrinha funerária com “brinde” dentro.
E que reflectir do sentido fraterno do pároco de Travanca ao dispensar um catequista por este tossir muito?
Meras notícias de um dia normalíssimo em pleno século XXI.

 

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Como uma bola de neve


Por entre umas peripécias de final de dia, ia ouvindo as últimas notícias sobre a política nacional.
O orçamento foi entregue e com ele fica a certeza de que para o ano as coisas vão piorar, substancialmente, para cada um dos portugueses que vive neste pequeno quase rectângulo.
Sinceramente, não vislumbro solução nas medidas tomadas. Pelo contrário, parece-me que nos vamos enterrar mais e mais e mais e enredarmo-nos no nosso desespero.
Como eu gostaria de estar equivocada e, daqui a um ano, poder reler este texto e concluir que, afinal, estava enganada nos juízos que fizera e que os especialistas na governação do meu país tiveram visão e tomaram as medidas acertadas contra tudo e contra todos.



domingo, 14 de outubro de 2012

In extremis


O amor, independentemente das diversas formas que tome, é, sem dúvida, uma fonte de energia, positiva, que dá carácter às nossas acções, fortalecendo-as e suaviza o olhar com que encaramos o que nos circunda.
Sim, acredito que cada um de nós tem o poder de emanar tanto energias positivas como negativas, poder esse que, inevitavelmente, acaba por influenciar  quem e o que nos rodeia. Quer umas quer outras energias, quando extremadas, tornam-se avassaladoras, devastadoras até.
 Em ambos os casos há, sempre, um sentimento intensíssimo que as alimenta e as faz crescer, mas ao mesmo tempo – o contraponto em forma de ironia – impede o ser que as emana de se libertar e maturar-se como pessoa.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Metáfora


A comemoração oficial deste feriado, em Portugal, rodeou-se de um cómico de circunstância: a pompa cerimoniosa do hastear da bandeira teria sido igual a todas as anteriores, não fosse os protagonistas do acto terem-na colocado de cabeça para baixo.
O símbolo da República, solenemente, içado pela mão do seu legítimo representante, subiu com as quinas viradas ao contrário sem que ninguém dos protagonistas e dos convidados se ter apercebido do facto.
Ironia, das ironias, neste dia em que, pelo menos, nos próximos cinco anos, não se comemorará, oficialmente, a  Queda da Monarquia e a Implantação da República.
Foi, constrangedoramente, um momento repleto de metáforas!

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Nuances

Lá fora, o chão, atapetado de folhas caídas, cobre-se de castanhos e amarelos a lembrar a chegada do Outono.
A chuva regressou, acompanhada de baixa de temperatura e de vento.
 É o Verão que se distancia em cada dia que passa, enquanto a Natureza se vai cobrindo de tons frios, preparando-se para o Inverno.
Em dias assim, em que o tempo negro e plangente parece chorar a tristeza da alma, apetece a partilha, o abrigo de um lugar quente, enroscar junto à lareira e aquecer um abraço, um olhar, um silêncio que se desfaz.
Em dias assim, tristonhos e fechados, reinventemo-nos.

domingo, 9 de setembro de 2012

Ilusão

As políticas económicas do Velho Mundo parecem ter chegado a um beco sem saída, principalmente para as economias mais debilitadas como é o caso da portuguesa e da grega.
Insistir, num modelo que se autodestrói, será a solução? Mas, então, qual é a solução? Que alternativas nos restam para diminuir o deficit que nos aprisiona, sufoca e nos torna moribundos? Como solucionar, em tão pouco tempo, os erros de anos consecutivos? Como resgatar sonhos, projectos, vidas adiadas, suspensas, desalentadas ?
Como banir esta tristeza que nos invade, esta preocupação que nos toma e consome?
É a tristeza de um país que se perdeu e não se consegue encontrar; de um país que se tornou vassalo, se escravizou, se deixou cegar por discursos ofuscantes que adornaram a realidade e esqueceram a verdade.
É a tristeza de constatar que, afinal, quase tudo foi apenas ilusão, uma mera sedução que nos cativou e perdeu.
Ainda há esperança?
Queria tanto acreditar!

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Bisbilhotice

O Presidente do FCP, Jorge Nuno Pinto da Costa, de setenta e quatro anos de idade, casou-se, recentemente, com uma jovem, cinquenta anos mais nova que ele.
Esta manhã, foi operado ao coração.
É caso para dizer:" Ai Miranda, Miranda que o puseste de banda!"
Quem se mete em cavalgadas...

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O poder das palavras

Na recta final de umas férias que passaram muito depressa e quase a iniciar mais um ano de trabalho, ainda resta tempo para terminar as leituras de verão.
Neste mês de férias li, com agrado, alguns bons livros, quer na forma quer no conteúdo, que me deleitaram e cativaram.
Com um sentido muito irónico e mordaz, numa crítica à sociedade actual e ao sistema político em particular, ri-me, deliciosamente, com a mestria que Francisco Moita Flores desenvolve, no seu  "A Opereta dos Vadios", a trama de um grupo de amigos que, a partir de uma ideia mirabolante e numa brincadeira contestatária, resolve boicotar o sistema político e, sem saber como, vê-se preste a vencer as eleições com o recente partido por eles criado: o PUM!
A escrita de Moita Flores tem esta particularidade: a brincar, a brincar, o autor aborda problemas bem actuais e sérios, mas com um sentido de humor contagiante que põe bem-disposto o leitor.

domingo, 26 de agosto de 2012

Despedida

Paulatinamente, os dias, com sabor a sol e terra, vão-se despedindo do Verão, muito de mansinho.
Os finais de tarde cobrem-se de nuances, pintalgadas de cores e aromas que me fazem lembrar Formilo. Como se o tempo, num compasso ilógico e intemporal, me resgatasse do presente e me pousasse num outro presente do passado.
Recuo nas memórias afectivas: intensas, imensas. Afundo-me na tranquilidade e no sossego apaziguador que as recordações me transmitem.
Mais um final de tarde que se desprende e explode em cheiros e cores: doces, agrestes, pintado de cor de laranja e amarelo.
Outrora e hoje, perco o olhar para lá do horizonte. Abandono-me à beleza de um final de dia, ao entardecer. Despeço-me.

sábado, 25 de agosto de 2012

O caderno

Aproveitando a promoção, nos produtos escolares, de uma grande superfície comercial, fui comprar o material que faltava para a minha filha.
Ora, in loco, não tive grande dificuldade nem precisei de muito tempo para confirmar o indiscutível e imensurável poder do marketing/publicidade!
Até eu, adulta, consciente, precavida, me deixei levar ao sabor do designer, dos enfeites, das cores, dos formatos, quando tive de escolher o cadernito - é assim que eu chamo ao caderno onde anoto todo o percurso de um ano lectivo, em termos de informação.
Ora bolas! Então, se vou começar um novo ano, tenho de me rodear, materialmente, do que me alegra a vista, aquece o coração e alicia a vontade!
O dito cadernito - pasme-se - até tem, em cada folha, um local preciso para pôr a data e assinalar o estado do tempo desse dia. Uau! Que minuciosidade!
Já imaginaram, daqui a uns anos, quando pegar no caderno - guardo-os todos, pois cada caderno narra a história do seu ano - poder saber que no dia X estava sol ou chuva ou enublado?
O que é que isso interessa? - pensareis vós. Lá isso é verdade, mas que não deixa de ser uma tentação - bem estudada, a psicologia feminina - em forma de mimo, também é verdade!
A compra do caderno prova-o.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Ilusão

Quando era miúda, os dias pareciam prolongar-se indefinidamente e o tempo arrastava-se num compasso sem pressa, algures entre a sonolência e a dormência.
Nessa altura, na idade da Primavera, em que tudo se afigurava distante e longínquo, a impaciência dominava a ânsia do querer e do acontecer, própria da aprendizagem de ser gente.
Hoje, volvidos tantos anos, os momentos perderam a mansidão de um tempo repleto de tempo e esfumam-se por entre dias apressados e esquecidos da infância de si mesmos.
Uma ironia fina e aguçante, um olhar maturado e a inevitabilidade de um tempo que corre célere sem contemplações nem hesitações.

sábado, 14 de julho de 2012

De(s)mocracia

Aproveitando a pacatez de uma tarde preguiçosa, passeei o olhar pelos títulos dos principais jornais diários, li alguns dos inúmeros mails que me aguardam. 
Lendo ambos, apercebo-me de que este estado de trafulhice, esquemas enganosos, artimanhas fraudulentas em que Portugal mergulhou, há já muitos anos, começou a tornar-se insuportável, mesmo para um povo que se identifica com os brandos costumes. A paciência tem limites e são cada vez menos aqueles que ainda acreditam nas duas classes que vão detendo o poder: a política e a judicial.
A insatisfação e a indignação invadem o comum do cidadão. Basta ler-se os mails que circulam pela Net, que se enviam acrescentados de comentários bem elucidativos do sentir da plebe.
Os tempos actuais são propícios a posições extremas: de um lado os que relembram os ideais revolucionários de Abril, de outro os saudosistas do Antigo Regime.
Sabendo que a saúde moral do país não aguenta mais reveses e que é urgente criar-se um sistema que ponha cobro a tanta falta de vergonha, pergunto-me: entre os dois extremos ideológicos, onde encontrar a solução já que a Democracia demonstrou estar podre e não servir a Res publica? Pelo menos a de(s)mocracia que se instalou no Portugal que Abril criou.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Sexta-feira, dia 13

Hoje termina o prazo para as escolas informarem os professores se, no próximo ano lectivo, têm lugar –independentemente de pertencerem ou não ao quadro – ou se são “contemplados” com os denominados horários zero.
No meu agrupamento foram muitos os profissionais - alguns com mais de trinta anos de serviço - a receberem a triste notícia que tanto temiam.
A minha solidariedade com todos estes colegas é tanto maior quanto a certeza que um destes dias, também eu poderei vir a engrossar a lista dos futuros disponíveis. Para isso não é preciso muito: basta apertar-se um pouco mais o cerco, basta a população escolar diminuir, basta legislar-se mais medidas de contenção, basta alterar-se o processo de escolha, basta mudar as regras do jogo, basta... basta... basta tão pouco! Sem dúvida, vivem-se tempos muitos difíceis e o mais preocupante é que a esperança num futuro, pelo menos com condições semelhantes às do presente, é cada vez mais débil!

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Até quando?

Será impressão minha ou este final de ano lectivo parece mais infindável, mais complicado que os anteriores? 
Desde que as aulas terminaram que não me consigo ver livre de papéis: PCT, exames, relatórios disto e daquilo, grelhas, actas, uma panóplia de documentos...
Se alguma dúvida ainda me assolasse, a realidade circundante grita-me que não é impressão minha.
A esta hora da noite, de volta da conclusão de um PCT, sinto-me no epicentro da burocracia, aquela que foi sendo, sucessivamente, introduzida, decretada pela vaga de políticos que vão ocupando o pedestal da governação. Burocracia não implica, necessariamente, qualidade ou grau de exigência. Parece-me que os políticos ainda não o perceberam. Geralmente, quando há insegurança no exercício do cargo desempenhado, os tecnocratas do poder refugiam-se na obrigatoriedade da papelada, procurando disfarçar a segurança que não sentem. Ilusões!
São estes políticos que impõem medidas - algumas completamente desnecessárias pois não acrescentam nada à qualidade do ensino e à resolução de alguns dos graves problemas que invadem as nossas escolas -que, na sua vida particular, servem-se dos conhecimentos e dos cargos partidários que desempenham, para ludibriarem o sistema, em proveito próprio e conseguirem obter, por meios muito dúbios – não lhe quero chamar outro nome - em tempo reduzidissímo, as qualificações académicas que têm tudo menos rigor, veracidade, transparência nos trâmites do processo.
Quando é que se começou a perder a vergonha, se fez da mentira, da trafulhice, do jogo baixo, do vale tudo, os valores morais de alguns?
A bola de neve ainda agora começou a rolar!

quinta-feira, 5 de julho de 2012

A propósito do feriado municipal

Ontem, foi o feriado municipal em Coimbra, comemorando o dia da Rainha Santa Isabel.
Já agora, uma curiosidade relacionada com esta personagem da nossa História. Ao que parece, o seu esposo, El-Rei D. Dinis, não resistia aos encantos e à sedução de certas damas da corte - e não só! -, o que entristecia e tornava infeliz a nossa rainha. Pelo menos é o que dizem as autoras do livro “As Amantes dos Reis de Portugal”, leitura que iniciei há pouco.
Para quem gosta de estudar o lado mais humano das personagens históricas, este é o livro ideal para as férias. Sem ser maçudo nem excessivamente descritivo, retrata o papel social e jurídico desempenhado pelas esposas e pelas amantes dos nossos reis ao longo da História, permitindo-nos compreender, sem qualquer juízo de valor, a mentalidade dessa época.
Não nos esqueçamos que os reis e as rainhas também eram seres humanos como todos nós!
As esposas resultavam da concretização de acordos, de alianças políticas. Eram como peças de um jogo de xadrez, imprescindíveis, na maior parte das vezes, para o xeque-mate estratégico e diplomático na política internacional. Legalmente, encarnavam a ordem e a continuidade da respectiva dinastia.
As amantes, as amigas, as favoritas, as barregãs, eram as mulheres escolhidas pelos reis, não pela obrigação institucional, mas antes pelo prazer que lhe despertavam. Constituíam o símbolo do prazer, dos sentimentos e dos afectos.
Estórias da nossa História!






sexta-feira, 22 de junho de 2012

O Euro e nós

A propósito do jogo de ontem, algumas considerações. Efectivamente, o Cristiano Ronaldo é um portento: a arte com que brinca com a bola, a facilidade com que a maneja e a domina, a força e a destreza dos seus movimentos, tudo nele – independentemente de marcar ou não – o coloca entre o melhor dos melhores e que orgulho em o termos!
Quando jogamos com um espírito de equipa, quando a união do grupo é verdadeira, quando “esquecemos” o protagonismo de alguns e acreditamos no todo, ultrapassamos obstáculos, vencemos desafios, vamos longe!
Todos são importantes para a concretização de um objectivo, até aqueles que, na sombra dos sonantes, passam despercebidos. A sua importância é capital para o colectivo - João Moutinho é um dos exemplos.
E, por último: pobre país em que, já há muito tempo, as únicas alegrias que o animam e o fazem ter orgulho em ser um nobre povo, sãos protagonizadas pelo futebol!

terça-feira, 19 de junho de 2012

Para se cumprir

Esta tarde, bem perto da minha escola, ocorreu mais uma tragédia, semelhante a tantas outras que, ultimamente, fazem título de manchete.
Em Portugal, os crimes passionais têm vindo a aumentar a um ritmo demasiado rápido proporcionalmente ao número de habitantes que temos.
Não sei se é este tempo conturbado que atravessamos, se é uma espécie de delírio provocado pelas dificuldades crescentes que enubla o presente e, de certo modo, silencia o futuro, que provoca nas pessoas impaciência, irritabilidade, incompreensão e as leva a agir impetuosamente, sem se aperceberem da gravidade e consequências dos seus actos.
Quando a emoção se sobrepõem à razão e se age “de cabeça quente”, geralmente, dá mau resultado.
A vida é feita de derrotas e vitórias.
O passado é importante quando ajuda o presente e prepara o futuro.
Por muito difícil que seja, é imprescindível saber-se lidar com as emoções que os ganhos e as perdas afectivos geram em cada qual.
“Ninguém é de ninguém” e cumprir-se como ser implica, também, saber aceitar a partida-ausência de quem escolheu um outro caminho para trilhar.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

A pergunta

Agora que as aulas terminaram e o trabalho a desenvolver tem características muito próprias, retomei o hábito de ler por puro prazer.
Já desde o Natal que repousava, na mesinha de cabeceira, o “Último Papa" – temos bons autores portugueses. Na semana passada terminei a sua leitura e peguei na “Dama de Espadas”.
Com que delícia de escrita nos presenteia Mário Zambujal neste seu livro!
De uma ironia e um sentido de humor incríveis, como já nos habituara anteriormente, o autor diverte-nos com uma história a lembrar um pouco os ingredientes de certos romances de Eça de Queirós. Até o cenário nos remete para o paradisíaco e romântico ambiente natural de Sintra, tão querido a este autor realista do século XIX.
Cada livro que eu leio faz aumentar em mim a estranheza de haver pessoas que não gostam de ler.
Como é possível?

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Reinterpretar

Desde o Natal que repousava, discretamente, num sossego absoluto, escondido no meio de outros.
O tempo – pretexto invariável para o não acontecer – ou melhor, a falta dele, remetera-o para a estante daquela prateleira e ali ficara, aguardando ser lido.
Numa destas noites, em que o sono tardava, peguei-o por companhia e libertei-o do silêncio.
No sossego discreto da noite, apropriei-me de palavras, deliciosamente trabalhadas, urdidas pela imaginação do autor e reinterpretei-as num outro olhar:  o meu olhar.


terça-feira, 12 de junho de 2012

Especialização

Os finais de período e, particularmente, os de ano lectivo, com a carga burocrática a eles associada – cada vez aumenta mais -  provocam uma  angústia crescente que sufoca e manieta. São tantos os documentos a preencher, é tamanha a burocracia exigida que, por vezes, sinto-me perdida entre o papel e o digital, tragada pelas vagas de celulose virtual obrigatórias. Relatórios de Apoio, de Direcção de Turma, Tutorias, FICA, PIA, ACTA, PCT e a lista continua, infindável, irritável.
Cada vez mais, para além de professores, vamo-nos transformando nuns tecnocratas da documentação/papel.
Até quando?


sábado, 9 de junho de 2012

Acordar

O vendaval intensificou-se e, num redemoinho em espiral, sorveu tudo por onde passou, aniquilando, sem piedade nem remorsos, vidas, esperanças, sonhos.
Há muito que os indícios – despercebidos para a maior parte - apontavam para o desfecho que ninguém ousava sequer pensar, tal a força devastadora que ameaçava emergir da tempestade.
Na ignorância de muitos e no fingimento de poucos, vivia-se na abundância, mera quimera, utopia enganadora com prazo marcado.
Teciam-se planos, rendilhavam-se ilusões e o futuro imaginava-se tranquilo e risonho.
Sem mais, a realidade impôs-se: dura, preocupante, desesperante. O acordar para a verdade tragou, na força da enxurrada, vontades, certezas, quereres.  
Nos rostos marcados, nos espíritos doridos, vincados de rugas, dormentes de raiva, a angústia do devir, a incerteza do amanhã. 
Porém, uma réstia trémula de luz esbate as sombras escuras do presente, entreabrindo um rasgo de esperança.


sexta-feira, 8 de junho de 2012

Fim de tarde

Mais um dia que termina na sucessão infindável do tempo. Um dia feriado que deixará de o ser durante uns bons anos.
Sabe sempre bem, principalmente nesta recta tão atarefada de final de ano, um dia de descanso no trabalho obrigatório.
Por entre testes e mais testes, quebrando momentaneamente a azáfama de tanta correcção, aproveitei uma nesga de tempo e deliciei-me com um pratito de caracóis e um fino por entre dois dedos de conversa que se estendeu pelo final da tarde.
São momentos de descanso que retemperam as forças e acalentam a vontade para o que ainda falta acontecer.


quinta-feira, 31 de maio de 2012

Ideia luminosa

Na Venezuela, o Partido Socialista Unido (PSU), de Hugo Chávez, decidiu pedir aos seus militantes e simpatizantes que doassem um dia de salário para a revolução.
Excelente ideia, com umas pequeninas alterações e podia-se aplicá-la em Portugal -  pensei logo.
E que tal se os políticos, os gestores de cargos públicos, os administradores e os governantes seguissem a ideia do PSU – desde Sócrates que nos especializámos em copiar modelos oriundos do estrangeiro – e doassem um dia dos seus salário para ajudar todos aqueles que se encontram sem alternativa de vida: reformados com pensões mínimas; desempregados sem subsídios e outros tantos que vão sufocando de dia para dia?
O primeiro a dar o exemplo até poderia ser o Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, já que considera que os salários dos portugueses são demasiado elevados – está confuso, o senhor, talvez por se encontrar há muito tempo afastado do país!
Sim, porque fica sempre bem a um "verdadeiro" político uma saison numa capital europeia: Paris, Bruxelas…
Concordam?

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Escola voluntária

Quando li a notícia sobre o programa Escola Voluntária, senti uma certa desconfiança ,  confesso.
De pensamento em pensamento, num jogo de associação de ideias, saltei, imediatamente, deste conceito para o de gratuidade, não remuneração, borla e outros termos de igual valor semântico.
A crise é tão profunda e a necessidade do Estado poupar é tão premente que não me admirava nada que, um destes dias, alguém, num rasgo iluminado, encarasse o voluntariado como um meio viável para alcançar esse fim – não, não estou a delirar! Em Portugal, actualmente, tudo é possível... até o inverosímil!
O espírito do voluntariado já há muito tempo que, feliz ou infelizmente (é sempre subjectivo) existe nas nossas escolas!


terça-feira, 29 de maio de 2012

Ideias desnatadas

Esta manhã, mal sintonizei a Antena 1 e ouvi a notícia que os municípios iam receber um montante do Estado para poderem saldar as suas dívidas a curto prazo, mas em contrapartida aumentariam os impostos municipais, enublou-se-me, logo, o dia.
Pensei” Mas estes políticos querem-nos pôr de tanga? Será possível que não vejam o empobrecimento das pessoas a acentuar-se e as dificuldades a aumentarem, sufocando o dia-a-dia do pobre português?”
Depois, mais tarde, lendo o Público, fiquei a saber que “às vezes, as ideias disparatadas são as que têm mais sucesso” e que a Misse Mundo não só conhece, mas também é uma grande apreciadora do nosso pastel de nata!
Ah, grande homem de visão! Afinal o Primeiro-ministro tinha razão!
O pastel de nata, ainda, vai ser a nata da nossa exportação, a salvação national!

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Blog

Dizem, alguns, que o tempo da blogosfera passou, que esta perdeu importância face ao surgimento das redes sociais.
Na perspectiva da interacção comunicativa, tenho de admitir que o Blogger perde pontos quando comparado com um Facebook ou um Twitter, já para não citar outras redes sociais semelhantes.
Digamos que o blog é uma forma muito peculiar de comunicar: abrangente, democrática, mas também individualista e, acima de tudo, mais exigente em termos da utilização da língua. 
Talvez seja, também, por isso, que as gerações mais novas, pouco predispostas para o esforço e o tempo que a correcção da escrita exige, prefiram outras formas mais aligeiradas e simplificadas de comunicação.


segunda-feira, 21 de maio de 2012

Amargo e doce


Ontem, foi difícil conter as emoções: se de um lado incentivava e sofria com o meu Sporting, do outro admirava a tenacidade da Académica que, duas semanas antes, lutara aflita para não descer de divisão - vi-a a jogar com o Benfica e com o Olhanense e nunca percebi por que se encontrava nesta posição. Ironias do futebol!
A equipa dos estudantes, fortemente acarinhada pelos conimbricenses e toda a academia, fez a festa merecida. 
A cidade saiu à rua e, pela madrugada adentro, festejou, meia entontecida pela alegria inebriante e contagiante da vitória, o triunfo dignamente alcançado.
Parabéns, Briosa!

domingo, 20 de maio de 2012

Sem título


Ir pela noite dentro, em sintonia com o som do silêncio que se espalha como um eco pela calada madrugada, sabe bem e faz recordar outros tempos, outras pessoas – momentos.  
É mais um fim-de-semana que se quer tranquilo e bem sereno, em busca do bem-estar espiritual, da reflexão e, até mesmo, da compreensão.
O silêncio, quando ascético, ilumina a mente, clarifica o que parece confuso, acalma o coração, apazigua as ideias enroladas que se espraiam na clarividência das palavras. 
Este silêncio revelador, esta ausência de fragor, eleva-nos até Ele, solta em cada um de nós o melhor que temos e podemos e, então, percebemos quão incompletos somos, quão distantes estamos da perfeição, quão longo é o caminho, ainda a percorrer, para ousarmos Ser.



sexta-feira, 18 de maio de 2012

Este país que se quer


Na área do Ensino e Educação, a semana é marcada por duas notícias: fecho dos Centros Novas Oportunidades e o regresso do Ensino Recorrente.
Sendo a aprendizagem ao longo da vida uma mais-valia, principalmente para quem, por razões díspares, não pôde ou não aproveitou quando mais novo e sabendo da repercussão que a aquisição/ actualização de conhecimentos tem no exercer das funções de cada cidadão nos variados papéis que desempenha na sociedade, é do interesse geral que se proporcione a oportunidade e os meios para que tal aprendizagem se concretize e a qualificação de adultos e jovens aconteça.
Formal e informalmente, acabei por contactar com aquelas duas realidades.
Assim, não estranhei a decisão de, em termos de educação de adultos, se voltar a privilegiar e priorizar o Ensino Recorrente.
Há muito que o rei ia quase nu! 

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Sol e mar

Hoje, o dia acordou o Verão, temporão, mas com um sabor especial, depois de um tempo cinzento, embaciado e muito ensopado!
De tarde, pela aragem morna que corria, os aromas adocicados da Natureza, a despertar para a vida, espalharam-se no ar, entonteceram os sentidos, quase me adormeceram.
Talvez por que hoje o dia acordou alegre, o sol brilhou mais intenso, mais claro, mais radiante.
Com tanto sol e calor não apetece mesmo nada trabalhar – pensava eu, enquanto fazia um teste.
Como podem os alemães, os noruegueses, os finlandeses, os suecos perceber esta tendência tão mediterrânica – o dolce fare niente - que nos embala e nos entorpece, nos particulariza e nos vicia a vontade de trabalhar?
Ah, apenas nós, os do Sul, nascidos do mar e do sol, de olhar perdido na vastidão do horizonte, entendemos esta mornice deliciosa que nos alegra e bem dispõe!
E a crise? E a produtividade?
Ora bolas! Logo tínhamos de nascer mesmo à beirinha do mar, inundados de calor e abraçados pelo sol!