Desafioos é já por si um desafio lançado em forma de repto: "Andas muito filosófica, tens de criar um blogue!". Porque gosto de desafios, aceitei o desafio e criei este blogue.
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domingo, 31 de janeiro de 2010
Inevitabilidade
Olhando-a, tentava lembrar-me que conteúdos encerraria, numa ansiedade, natural, de quem tem pressa em desvendar segredos pressentidos.
Era uma pen, há muito, não utilizada por ter esgotado a sua capacidade. Abri-a e perdi-me na infinidade de pastas, documentos e imagens. Explorei cada um dos materiais nela guardados. Saboreei, em recordações avivadas, momentos passados, emoções sentidas, ideias defendidas, verbalizações do pensamento.
Cada texto que relia, cada imagem que o olhar percorria, projectava-me para o passado, numa viagem pela rota da memória, trilhada, muitas vezes, em caminhos, sinuosos e difíceis de percorrer, ladeados de recordações de saudade.
E percebi a inevitabilidade do passado no Ser do presente.
sábado, 30 de janeiro de 2010
Porquê?
Lá fora, um carro solitário aventura-se na madrugada.
Olho para o ecrã! Desorientação, vazio: duelo entre o querer e a falta de inspiração.
Começo a ficar preocupada. De repente, a fonte do pensamento cessou de jorrar. Penso « é passageiro». Esta reflexão em nada contribui para a sensação que me invade. Interrogo-me « Porquê?», não obtenho respostas.
Olho, de novo, para o ecrã, reparo na desorientação do seu olhar. Não entende esta crise de palavras. Percebo, no olhar devolvido, a dúvida a nascer. Questiona-me das razões, sente-se tímido na sua nudez, culpa-me!
Não tenho respostas. Sinto o vazio, o nada: invadem o meu pensamento, desnudam-me a razão, esvaziam-me os sentimentos.
Procuro o seu olhar: parado, ausente. Cruzo-o no meu. Intuímo-nos na cumplicidade do nada.
Murmuro « o vazio das ideias cessará».
Acalma-se. Confia. Acredita.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
(Des) inspiração
Olho para o ecrã, cúmplice dos meus pensamentos e, perante a sua nudez, aventuro-me a desvirginá-lo de novo.
Sinto-me como um pintor que, perante o branco da tela,decide ousar manchar a sua alvura,de modo a conseguir a obra imaginada, num exercício de criação autêntica e individual.
Olho para o ecrã e o vazio, que o preenche, contagia a minha inspiração.
Tal como o nada do ecrã, que teima em permanecer vazio, assim o nada do meu pensamento que recusa abrir-se em palavras esculpidas pelo escopro do artista.
E perante a candura do vazio, venereio a beleza do nada, que me contagia o espírito.
Fecho-me às ideias, numa recusa da escrita.
domingo, 24 de janeiro de 2010
A Magia da Leitura
Se há recordações de vida, que ficarão para sempre gravadas nas memórias do meu percurso de vida, serão os dias calmos e palatinos das férias grandes, em que ficava suspensa da leitura de um livro, enquanto, lá fora, na calícula do dia, as horas sucediam-se, numa lentidão preguiçosa, própria da moleza gerada pelos dias quentes desta altura do ano.
Neste exercício de memória, todos os pormenores do passado vêem ao de cima com uma nitidez surpreendente: cada traço, cada gesto, cada rosto, cada situação permanecem em mim como um espelho do passado, no qual as imagens aí reflectidas não se esmoreceram com a patine do tempo.
Na casa de férias, implantada na beleza de uma Natureza generosa, nas pessoas e na paisagem, após o almoço familiar, presidido pela avó, lembro-me que, com um livro na mão, dirigia-me para um dos quartos da ala oeste e deitando-me, em cima da cama, iniciava a minha aventura literária.
No exterior, os sons do campo embalavam a preguiça dos seres. As cigarras cantavam a despique, o ar quente entrava pela fresta da janela, acariciando a face e adormecendo os sentidos para o exterior. Era eu e o livro. Cada palavra, cada frase eram lidas sofregamente. Na minha mente, conseguia imaginar os personagens, os ambientes , as paisagens.
E ali, naquele fim de mundo, de uma aldeia perdida nos confins do espaço, onde a quietude do lugar era bálsamo revigorador para o corpo e, sobretudo, para o espírito, rodeada de verde e de serras, eu vivia aventuras ímpares, conhecia lugares exóticos, tornava-me heroína, aniquilava vilões, viajava com a mente, permanecia com o corpo.
Lá fora, a água da fonte continuava o seu percurso ritmado, brotando em jorros ténues, saciando animais e pessoas que ousassem aventurar-se na tarde tórrida.
Lá dentro, eu continuava a viver o livro, cada bocadinho das folhas preenchidas de letras mágicas que me permitiam ir a locais longínquos sem sair de onde estava, hipnotizada pela magia das palavras,numa envolvência magnífica e majestosa.
Foram dias de felicidade, foram momentos únicos que ficarão para sempre guardados na arca da memória.
Resgate
As horas correram e com elas a azáfama inerente ao trabalho, no confronto entre o compromisso e o merecido descanso do fim-de-semana.
Sempre que me sento, com a intenção de começar a trabalhar e ligo o portátil, com a certeza, pouco convicente,que vou seguir uma linha condutora, sem quaisquer devios, dou comigo a abrir variadissimas páginas, a explorar sites que, por sua vez ,levam a outros sites que se desdobram em links infindáveis, qual autoestrada repleta de vias que se cruzam e descruzam, se emaranham, numa complexa desorganização organizada, que me permitem abrir as janelas do mundo e alargar os horizontes do meu conhecimento.
Iniciada a madrugada, prometo a mim própria que da próxima vez será diferente.
E, confiante pela intenção formulada,fico imóvel, enfeitiçada pelo compasso cadenciado das mornas de Cesária Évora,que me embalam o espírito,enquanto o pensamento voa,idealizando cenários de águas cálidas, areias finas, céu azul, vegetação exuberante. Entrego-me!
E encantada, pelas sensações emanadas do pensamento, resgato o meu espírito,prenho de paz, da alma da música.
Adormeço.
sábado, 23 de janeiro de 2010
Sei Tu
(tentativa de tradução da letra )
Empurraste-me para além dos meus limites
e eu me sinto totalmente vivo, a minha própria vida,
Eu encontrei-me em ti e
olhei além dos limites inimagináveis.
Eu olhei dentro dos teus olhos
tentando entender,
mas eu nunca quis ver.
Eu vi a minha fraqueza e a insegurança,
a minha culpa e o meu complexo,
os meus medos e a minha impaciência.
Vi a minha escuridão e os meus demónios.
Então, eu olhei ainda mais
e no fundo do meu coração, um mar tempestuoso,
um vasto oceano,
onde tu podes mergulhar e perder-te,
lá no fundo da minha alma eu entendo!
Senti prazer e orgulho.
Eu tento entender o que hoje
Hoje, no saber, quem são realmente
agora eu sei que eu amo as coisas belas
Eu sei que eu amo tudo o que a vida me oferece
e uma delas és tu.
Paulo Coelho
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Eclipse
O estado de espírito ressente-se da negritude, presenteada pelo dia.
A perspectiva do fim de semana surge como o sol que espreita, timidamente, por entre as nuvens sorumbáticas e sizudas, em raios dourados, alentando a Natureza.
Enquanto percorro a distância da viagem, solto o pensamento e este desprende-se livremente, em vagas sucessivas, desafiando, qual inevitabilidade, a reflexão.
No desenrolar temporal do exercício, por vezes, as conclusões daí retiradas, não são as mais favoráveis, de modo a contribuirem para o fim da disputa.
Tal como o tempo, que teima em continuar rezingão, vociferando ventanias de má disposição e aguaceiros de negatividade assim, o estado de espírito acompanha este dia de um Inverno, que parece infindável!
A não presença do Sol, eclipsando-se com a saudade, gera um vazio imenso, pela ausência do calor irradiado e da sensação regeneradora de um bem estar interior.
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Estilhaços
São aqueles dias em que, por mais que se faça ou diga, nada resulta, tudo parece querer acontecer, despolutando o sentir, que toca no mais fundo da alma e fere, qual estocada final num duelo de esgrima.
São pedaços de tempo descoordenados, desorientados, desfragmentados em múltiplas emoções, fragilizando o ser que há, o ser que É! São emoções que fervilham, por mais que se teime em ignorá-las.
Há dias na vida em que o sentir é sinónimo de desânimo, não compreensão, desilusão e muita reflexão.
Nesses dias, enquanto espero a poção mágica que tudo soluciona, refugio-me em mim, em pensamentos mudos, em gritos surdos, em estilhaços de incompreensão.
Reflexão
O chegar ao desconhecido, impõe que nos ambientemos às pessoas, às regras, aos hábitos: rotinas do tempo, consequências de permanências espraiadas no tempo.
O chegar ao desconhecido é um processo de adaptação, dupla simbiose entre as duas partes: os que chegam e os que já são, estão.
Mas o ser-se novo no desconhecido, também implica novas ideias, diferentes visões, partilha: génese de renovação, motor de desenvolvimento, de reformulações, mudanças, reflexões.
Não é um processo fácil para quem chega, pois as suas intenções, as suas actuações, porque se é novo no desconhecido, podem, por vezes, ser mal interpretadas.
Quando isso acontece, o diálogo é sem dúvida a melhor maneira de limar as agudas arestas dos conflitos, que o deixam de ser, devido à força das palavra.
Ser-se novo no desconhecido é um grande desafio, muitas vezes assente em desapontamento, desânimo, desilusão, tristeza, quase desistência.
Ser-se novo no desconhecido é deixar a vida acontecer e, com firmeza, persistir e acreditar!
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
Estado de Espírito
Apesar da tarefa basear-se numa grande vontade e gosto pela escrita, percebi que escrever é, sem dúvida, um estado de espírito. Se há alturas em que as palavras brotam, como cascatas, para o ecrã, numa sucessão de ideias, em que o que se pretende dizer torna-se fácil, normal, quase banal na sua técnica, outras há em que, por muito que se tente, o esforço é inglório e as ideias teimam em não se deixarem expressar por palavras, como se tivessem vida própria, independente do ser que as pensa. E nestes momentos, o exercício da expressão escrita é desnecessário porque, por mais palavras escritas e reescritas, as frases não surgem, as ideias não se materializam, o texto não se formaliza. E fica apenas um ecrã em branco por muito esforço que se faça em enfeitá-lo de letras.
Quando isto ocorre, escrever não é mais que um desafio, muitas vezes não vencido. No entanto, o desânimo do momento, é passageiro, pois há a profunda convicção de que o gosto pela escrita vencerá qualquer estado de espírito menos bom e, de novo, as palavras ganharão vida, as ideias despreender-se-ão do emaranhado de pensamentos e o texto surge, com a naturalidade própria de quem faz, da escrita, um espelho dos pensamentos, emoções, numa individualização do Ser.
domingo, 17 de janeiro de 2010
A Outra Parte de Mim
Mais uma noite. Em redor, o silêncio estende-se à Natureza e embala os meus pensamentos. Ligo a música: calma, tranquila, apropriada ao momento.
Recosto-me, suavemente, e deixo o pensamento voar ao acaso, sem rédeas, sem pressas, sem metas. Dou-lhe total liberdade para poder viajar até onde o seu desejo o levar. Longe , perto, não me interessa. Hoje, agora não quero saber! Não é importante.
Eu, o eu consciente, o de todos os dias, padronizado, pensado, formatado, finda ao chegar a noite, quando, calmamente, me recosto e deixo o pensamento vaguear e levar-me para mundos interiores onde não há limites, tudo é possível.
No fascínio da noite, o silêncio esculpe-me em contornos perfeitos e passo a ser apenas éter, volátil,levada em espirais de ideias, que se atropelam e se misturam, em quadros de pensamentos surrealistas.
No silêncio da noite,deixo o pensamento apoderar-se de mim e fujo com ele em aventuras impensáveis, procurando a outra parte de mim...
sábado, 16 de janeiro de 2010
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Sexta-Feira
Sexta-feira,fim de um dia de trabalho, meto-me no carro, música ligada e deixo-me embalar pelo som que brota do rádio. Lá fora a chuva teima em cair, pling, pling, numa sinfonia da Natureza. As gotas de água jorram do alto, num ritmo compassado, misturando-se com o verde e a terra, nesta paisagem rural, envolta por pinhais, num lugar recôndido, resguardado da pressa e das certezas da civilização.
Sexta-feira, fim de um dia de trabalho, com a certeza do nada saber, do tudo possível, e do muito querer.
Sexta-feira, fim de um dia de trabalho, a pacatez desejada e, numa pequena fracção de tempo, a certeza de que tudo é efémero, nada é seguro e que a vida acontece, desenrola-se, manietando-nos como tontas marionetas, presas eternamente ao fio que lhes dá a vida.
Sexta-feira, fim de um dia de trabalho que, repentinamente, explode em contornos frios, sombrios, quase trágicos!
Sexta-feira, fim de um dia de trabalho, que poderia ter sido o início de um fim de tudo, e a redescoberta da importância de nos darmos aos outros, perpetuando a valorização no relacionamento humano.
Sexta-feira, final de um dia de trabalho,e, gravado na memória, fica a imagem de dois semblante distintos: num, um olhar amedrontado, de ser encurralado pelas incongruências da vida, noutro, a magia irradeada do olhar de uma criança, sôfrega de atenção, dedicação, amor,ambos envolvidos num abraço de solidariedade, partilha, entrega.
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
A Bela Dama e o Pássaro
A Bela Dama sonhava um dia conseguir fazer que os seus dias se abrissem de novo ao Dia, tão diferente dos outros dias pequenos e insignificantes.
O Pássaro passava os seus dias empoleirado no ramo de uma árvore, fazendo dela o seu Mundo.
Era um mundo pequeno, mas aconchegante, tranquilo e acolhedor. Mas o Pássaro sentia que havia outros mundos para descobrir, outros mundos que o aguardavam, tivesse ele coragem para levantar vôo.
Certo dia, desses pequeninos e insignificantes, que se repetem numa teimosa sucessão do tempo, a Bela Dama reparou na frondosa árvore que se erguia mesmo em frente a seus olhos. Olhou, num olhar atento, e reparou num pequeno pássaro que, pousado num dos seus ramos, chilreava, tristemente, melodias repletas de dor, saudade e desesperança, como se o seu chilrear fosse um grito de revolta, um grito de anseio, uma procura do que ainda não encontrara, mas sabia existir, pressentia estar tão perto.
O Pássaro, saltitando de ramo em ramo, foi pousar no mais alto da árvore e reparou na Bela Dama, no seu olhar meigo, triste, nos seus modos graciosos e sentiu uma alegria crescente, inebriante a invadi-lo, como se de repente, todas as minúsculas folhas do seu refúgio, desabrochassem, enfeitando os braços esguios e rugosos da frondosa árvore.
À Bela Dama, não foi indiferente a reacção do Pássaro. Ao Pássaro, o enlevo do olhar, com que a Bela Dama o envolveu, desde logo fez nascer nele o sonho de voar bem alto, de atingir limites nunca antes alcançados.
Desde então, a Bela Dama e o Pássaro, numa cumplicidade não falada, mas pressentida, roubavam ao Tempo minúsculos fragmentos que transformavam em momentos de partilha, deslumbramento, momentos mágicos, únicos que lhes permitiam acreditar, sonhar…
A Bela Dama mostrara ao Pássaro que podia, sem medos, aventurar-se em novos desafios feitos coragem, sem limites, sem fronteiras, bastava acreditar nas suas capacidades, no seu querer, bastava fazer acontecer e voar bem alto!
O Pássaro ensinara à Bela Dama que os seus dias se podiam abrir ao Dia.
E desde então, a Bela Dama e o Pássaro, cada qual no seu pequeno mundo, partilhavam um pouco de si, numa dádiva ao outro, que lhes permitiam viver o Dia e o Voar bem alto.
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
As Raízes de Um Povo
Esta opção pela rádio prende-se com a característica da mesma: pode ser ouvida em qualquer lugar e não obriga a pessoa a ficar parada em frente a ela, impossibilitando-a de fazer as suas obrigações.
E como ouvinte assídua que sou, posso afirmar que as nossas estações de rádio esquecem-se de bons compositores que existiram e outros que existem, remetendo para o silêncio, músicas, que pela mensagem em forma de letra, associada a belas melodias, fizeram delas êxitos intemporais.
Poderia citar, entre muitos, nomes como Adriano Correia de Oliveira, Hugo Maia de Loureiro, Sérgio Borges , Tonicha, cantores que deram voz a grandes sucessos, lembrados no tempo, devido à qualidade que os caracterizavam.
No youtube há sempre a possibilidade de rever as músicas que são do nosso agrado, mas que caíram no esquecimento.
E, navegando eu pelo youtube, de vídeo em vídeo, acabei por me fixar num cantor, que já há muito tempo não ouço e possui uma voz potente, forte, segura, daquelas que, uma vez ouvidas, nunca mais se esquecem. Refiro-me a Pedro Barroso, cantor trovador, compositor.
As suas canções, belas, profundas, de e com qualidade, fazem-me sentir bem, dão-me paz,transportam-me numa viagem interior em que o pensamento voa de encontro a um passado comum, às raízes de um povo, independentemente do tema cantado.
Pedro Barroso é sem dúvida um senhor da música portuguesa como muitos outros o foram.
Para bem da qualidade e do que é genuinamente português, no campo musical, é importante que cantores e compositores, com estas características, não caiam no esquecimento e sejam divulgados às gerações mais novas.
São elas que, no futuro, darão continuidade às nossas raízes como povo.
Poema sem título
Numa tela, desenhados
Pela mão de um artista,
Corpos, de gente, deformados
Num cenário surrealista.
Numa tela desenhados
Pela mão de um pintor,
Corpos, de gente, imaginados,
Numa expressão de horror.
Numa tela desenhados,
Pelo querer de um pintor,
Os seres nela retratados
São imagens feitas dor.
Corpos contorcidos,
Traços delineados,
Vidas (des) vividas,
Em segredos bem guardados.
domingo, 10 de janeiro de 2010
Era uma vez...
Não era assim que começavam todas as histórias da nossa infância? Era uma vez... e extasiados ficávamos muito silenciosos à espera de saber se era uma triste, mas bela princesa que procurava o seu príncipe, transformado num qualquer animal por uma bruxa feia, com enormes borbulhas e afiadas unhas, riso agudo e estridente, fazendo prever, com antecedência, a eminência de pérfidas e malévolas acções ou se era o lindo e belo príncipe, jovem, senhor de um enorme reino, próspero e muito bem governado, que ansiava pela sua bela amada, que naquela altura da história, não era mais que uma pobre menina, mal tratada sempre a trabalhar, sem quaisquer perspectivas de um futuro risonho. Mas, qualquer que fosse a direcção que o enredo tomasse, continuávamos extasiados, presos pelas palavras, suspensos da acção, narrada geralmente por um avô ou avó, que tinha o condão de nos fazer sonhar, viajar por terras longínquas, explorar territórios bravios e inóspitos, contactar com seres nunca vistos. E a magia tomava conta de nós, como que saída da história, vinha encher os nossos pensamentos, as nossas memórias.
Eram momentos mágicos, sem dúvida, e que ainda hoje me lembro.
Era um espaço de reencontro de gerações.
Eram momentos que se perderam, mas que eu tive a sorte, como muitos da minha geração, de os ter vivido.
Era uma vez…
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
Gosto de animais, sempre gostei!
Os meus pais tiveram o bom senso de nos fazer conviver com animais domésticos e mostrar-nos que são seres dos quais não se deve ter medo.
A paixão por gatos vem da minha infância. Desde menina que me lembro de uns quantos gatos e dois cães no quintal da casa.
Gostando de todos os animais, uns mais que outros, os gatos são aqueles que me fascinam e com os quais me identifico melhor.
A independência de um gato, a sua personalidade, o seu ar altivo e belo, mas também a sua meiguice, a sua fidelidade única ao dono, que o faz, ao contrário do cão, reconhecer um único dono, conquistaram para sempre o meu coração e fizeram com que fosse o meu animal preferido.
E porque gosto muito de gatos, sempre fiz deles os meus animais de estimação escolhidos.
Muitos foram os quatro patas felinos que adoptei, uns rafeiros, outros de raça. Foram eles que, muitas vezes, naquelas situações da vida em que tudo parece descontrolado e que somos apanhados de surpresa, como se um tapete tivesse sido puxado debaixo dos pés, foram eles, dizia eu, que me apoairam, ou em quem eu me apoiei, foram eles que me fizeram companhia, foram eles que me ouviram, quando não tinha com quem falar, foram eles que partilharam comigo silêncios, novos lugares, sítios desconhecidos, foram eles, os meus melhores amigos, quando tudo parecia estar virado do avesso, quando me sentia perdida. Foram eles.
Assim, como não podia deixar de ser, tenho um gato como animal de estimação. Fofo é o seu nome próprio, mas também chamado espanador, devido à beleza da sua cauda felpuda e enorme ou então bigodaças pois é detentor de uns farfalhudos e compridos bigodes. Pensam que por lhe trocar os nomes, o safado não vem ao chamamento? enganam-se! estou convencida que ele viria a qualquer chamamento, pois é a entoação da voz, os tons melódicos que o fazem vir à ordem de chamada.
O Fofo é um gato com 12 anos. É um rafeiro, mas de uma beleza ímpar: pêlo branco, matizado de um castanho muito claro, senhor de uma cauda abundantemente adornada de um pêlo longo, de olhos azuis e muito esperto e inteligente. Mais meigo que ele não há. Já velhote, gosta muito de brincar e está sempre pronto para uma boa sesta ao calor do solinho.
O Fofo foi sem dúvida um gato com muita sorte. Filho de uma gata rafeira, de rua, trouxe-o lá de fora, com a missão de o domesticar ,para ser entregue a alguém, que o vendo fugido por entre os carros, gostou do bichano e quis ficar com ele.
Veio para ser domesticado e ficou!
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
O nosso planeta, visto do exterior é o mais bonito de todos os planetas até agora conhecidos. As suas cores, realçadas no espaço escuro, imenso e frio que o circunda, destacam-se , ganhando tonalidades fortes, assemelhando-se à palete multicolor de um pintor. O azul dos oceanos, o verde da vegetação, o branco da neve matizam-se numa combinação perfeita que lhe confere beleza, identidade, unicidade.
Neste planeta que é de todos nós, de todos os seres vivos, o Homem tem-se apropriado dos seus recursos de um modo egoísta, insensato e irresponsável, provocando danos irreparáveis para a vida na Terra.
De todas as espécies que já viveram e vivem actualmente na Terra, a espécie humana foi a única que, num longo processo de evolução, destacou-se de todas as outras, devido às transformações físico-psiquicas que nela ocorreram desde os primórdios da humanidade. As consequências desta evolução, permitiram ao Homem alcançar a supremacia sobre as restantes espécies animais: posição erecta, inteligência, verbalização do seu pensamento, fabrico de utensílios, são alguns dos factores que lhe permitiram distanciar-se dos outros seres vivos.
A evolução gera progresso, o progresso gera necessidades, as necessidades geram destruição do meio ambiente, como forma de as garantir e suster.
O Homem à medida que ia "crescendo" foi-se esquecendo do elo que o ligava à terra mãe. A mesma que lhe serviu de habitat, nesse processo de formação da espécie e que lhe forneceu tudo o que necessitava para poder sobreviver.
O progresso traz o esquecimento e hoje, essa ligação natural, baseada numa energia única que liga todos os seres que aqui existem, tende a desaparecer.
A ironia reside no facto que a espécie que mais evoluiu, tornando-se inteligível, logo mais apta para reflectir e não agir contra si própria, é aquela que, "estupidamente" tem devastado o planeta onde vive, tem provocado alterações a todos os níveis, algumas de carácter irreversível e ainda não entendeu que os danos resultantes da sua acção recairão sobre si própria.
A Terra demorou milhões de anos a formar-se, tornando-se este belo planeta que conhecemos.
O Homem levou dois mil anos a destruí-lo!!!!
Há que parar, reflectir, mudar mentalidades, alterar atitudes e posturas.
É urgente salvar o nosso Planeta, ainda há tempo, basta querer-se!
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Para Ti..."Páaa"
O meu pai foi o melhor pai do mundo. Havia entre nós uma cumplicidade não falada. Não eram precisas palavras, bastavam os olhares e ambos entendíamos o que queríamos dizer um ao outro. O meu pai, o Pááá, como lhe chamava, era um ser humano simples, transmissor de valores que eu hoje faço meus. Sinceridade, veracidade, combatividade, verticalidade, amizade, honra na palavra dada, todos estes valores o meu páaa me transmitiu, através do seu exemplo de vida. Por isso o admiro muito como pai e educador que foi.
Durante toda a minha infância e já adulta, nunca ouvi nem vi o meu pai gritar, alterar-se ou bater para educar os filhos. Bastava uma entoação diferente, um olhar mais incisivo, uma postura corporal e sabía que o tinha desiludido, que o tinha magoado, que fizera asneira e que não esperara isso de mim. E talvez porque transmitisse tudo isto apenas pelo olhar magoado, pelo silêncio ensurdecedor, sem o recurso a qualquer castigo físico, eu sentia-me tão pequenina, tão envergonhada, tão triste por o ter desapontado, por ter feito o que ele não esperava.
A forma que ele adoptava, para me transmitir o seu estado de espírito, era suficiente para me arrepender da asneira que fizera e não repetir o mesmo erro.
Pelo modo como nós nos"vivemos", pelo amor que me deu, pelas vivências intensamente partilhadas, pelos valores herdados, pelo exemplo deixado, pelo carinho que me tinha, pelo seu ar meigo com que me olhava, pela vaidade que sentia na filha que tinha moldado, pelo ser humano que me ajudou a Ser, eu amava-o, eu amo-o e amá-lo-ei até ao fim das minhas memórias de vida.
Recordar o meu "páaa" , escrevendo este post, é a melhor maneira de lhe agradecer o pai que foi.
Ainda hoje, já adulta, quando me sinto triste, desanimada, desiludida com o teatro da vida e os lapsos dos seus actores, é na sua memória que me refugio, é na sua lembrança que busco a força para não desistir, para dar um pouco de cor ao que, na altura me parece tão negro, tão escuro! E volto a ser menina, e volto a refugiar-me no aperto dos seus braços, aninhando-me, como se fosse muito pequenina, com a certeza que esses braços, para me protegerem, fariam tudo o que pudessem.
Relembrar o meu "páaa" é sempre tocar no mais fundo de mim, num crescente turbilhão de emoções.
Relembrar o meu pai é saudade, é um misto de alegria e tristeza: alegria por eu ter tido a sorte de o ter como pai, tristeza por eu já não o ter junto a mim.
Relembrar o meu "páaa" é um acto de contínuo amor.
Da tua Sereia
Imortalidade
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
domingo, 3 de janeiro de 2010
O Meu Sporting, equipa do coração
Este ano as coisas têm corrido mal, mas com esta vitória frente ao Sporting de Braga por 2 a 1, uma trémula luz parece querer despontar lá bem no fundo do túnel de acesso aos balneários!
Ano novo, equipa nova! tenhamos esperança que, a partir de agora, com os reforços (serão mesmo?) e a moral em melhor estado, o meu sporting consiga lutar como um leão(eu sei que ultimamente se tem parecido mais com um gatito) e mostre aos adeptos das outras equipas que ainda está aí, pronto para a luta, se não for para ganhar, o que é difícil, dada a situação em que parte para esta segunda volta, que seja para lutar, de igual para igual, com as outras equipas que o menosprezaram e pensaram que já não se conseguia erguer. Engano delas, pois um Leão não se deixa nem abater nem vencer sem dar luta renhida a quem o ouse atacar.
VIVA O SPORTING!
O poder revigorante da música
Adoro música. Sempre que estou a trabalhar em frente ao pc, lá vou eu à minha biblioteca de músicas e ligo o Media Player. Consoante o estado de espírito e a hora do dia, assim o tipo de música que ouço. E como a maioria das vezes trabalho ao fim do dia ou à noite, a música ouvida é calma, suave, melódica, romântica.O tempo flui ao som de uma boa música e o trabalho torna-se muito mais rentável.
Os links abaixo são um exemplo de algumas das músicas que mais gosto. Partilho-as com todos os que, navegando pela blogosfera, aportem no Desafioos. Enquanto descansam, recostem-se, fechem os olhos e deixem que os vossos sentidos captem as vibrações de cada nota, de cada acorde. Sintam as emoções que a música vos provoca, não resistam, deixem-se levar...
http://www.youtube.com/watch?v=NGuJOfrakc8
http://www.youtube.com/watch?v=udXMgx7UCz0
http://www.youtube.com/watch?v=840B27zYfOk
O silêncio da noite
É à noite que me reencontro, que me dou, que me transformo.
É no silêncio da noite que reflicto, repenso e ganho coragem para os desafios da vida.
A noite é magia.
O barulho do silêncio, quando bem escutado, é uma melodia suave que inspira calma, tranquilidade, paz. Ele permite ouvirmo-nos.
É neste momento do dia que, embalada pela magia da noite e envolta no silêncio da escuridão, finalmente me reencontro, me pacifico, me aceito, escutando o meu Eu verdadeiro. E então mais nada existe, apenas eu, a noite, o silêncio e os meus pensamentos vagueando em memórias quase esquecidas, mas não perdidas. E recordo com saudade, momentos passados, pessoas queridas, revivo emoções, situações, páro o tempo. A noite tudo possibilita, a noite é magia, a noite é um bálsamo revigorador que me permite viver o dia.
Tu és eternamente responsável por tudo o que cativas
E agora?
O desafio foi aceite e eis-me, ainda principiante,com uma página aberta, salpicada de estranhos nomes , obrigando-me a explorar cada um dos domínios que a formam ao mesmo tempo que não páro de me questionar « e agora? o que fazer? como fazer? serei capaz de corresponder ao desafio que me foi lançado? ».
Tantas dúvidas, alguns receios, mas a certeza de que os «Desafioos» foram sem dúvida uma boa maneira de iniciar este 2010. Será o primeiro de muitos desafios que desejo vencer.
E a ti, que me lançaste este desafio, desejo estar à altura do mesmo e não te desapontar.
Viva 2010 e todos os desafios que ele nos trouxer! Saibamos aceitá-los e, dignamente ,alcançar e vencer, com coragem e firmeza, o maior desafio de todos: a VIDA.